Uma operação contra um grupo de pessoas que pretendia retomar a terra indígena Marãiwatsédé, alvo de disputa no nordeste de Mato Grosso, é feita na manhã desta quinta-feira (7) pela Polícia Federal em Mato Grosso, Goiás e São Paulo. De acordo com a assessoria da PF, os investigados tentavam incentivar os moradores e retomarem as terras, praticar atividades econômicas e degradação ambiental. A PF não informou quantas pessoas foram presas ou quantos mandados já foram cumpridos.
Marãiwatsédé é uma área de mais de 165 mil hectares entre os municípios de Alto Boa Vista,São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia demarcada pelo governo federal como terra indígena xavante, mas disputada também por posseiros estabelecidos na região, um antigo latifúndio conhecido como Suiá Missú.
Entre os anos de 2012 e 2013, 97 famílias foram retiradas da terra xavante após decisão judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a imediata retirada dos não-índios do local.
Segundo a PF, devem ser cumpridos 30 mandados judiciais: cinco de prisão temporária, 17 de busca e apreensão e oito de condução coercitiva. A operação é feita nas cidades mato-grossenses de Alto Boa Vista, São Felix do Araguaia, Confresa, Querência, Canabrava do Norte, Água Boa e Rondonópolis, além dos municípios de Cedral (SP) e Goiânia (GO).
Investigação
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), durante as tentativas de reocupação, a intenção dos líderes do grupo responsável pelas sucessivas invasões era convencer os moradores de que o retorno dos índios ao território prejudicava supostos direitos de pequenos produtores rurais e famílias humildes.
As investigações mostraram que se tratava, na verdade, da manipulação dessas pessoas para defender os interesses de grandes produtores rurais e políticos da região, que tinham fazendas dentro dos limites de Marãiawtsédé.
Ainda conforme o MPF, as pessoas que participaram de diversos atos de invasão, alguns de caráter criminoso, eram cooptados pela quadrilha, que mobilizava famílias de outras cidades transportando-as para a Terra Indígena. Os invasores recebiam apoio logístico, lonas e alimentação do grupo criminoso, que lhes prometia ainda glebas de terra no interior da área xavante.
Entre os crimes investigados está o de invasão e grilarem de terras públicas, incêndio em edifício público, ameaça, associação criminosa armada, roubo, furto, sequestro e cárcere privado, entre outros.
A área
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), o povo xavante ocupa a área Marãiwatsédé desde a década de 1960. Nesta época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na região. Em 1967, índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos.
A Funai diz que em 1992- quando iniciaram-se os estudos de delimitação e demarcação da Terra Indígena - Marãiwatsédé começou a ser ocupada por não índios. O ano de 1998 marcou a homologação, por decreto presidencial, da Terra Indígena. No entanto, diversos recursos impetrados na Justiça marcaram a divisão de lados entre os produtores e indígenas.
Em 2012 ,durante a desintrusão judicial, houve confronto no primeiro dia de operação na região de Posto da Mata, nome que denominava o núcleo urbano onde viviam alguns moradores.
Fonte: G1-MT/Denise Soares/Foto: Reprodução/TVCA
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