Policiais militares aguardavam no local da morte a chegada da perícia técnica
Misturado em meio a uma multidão de curiosos que
observavam além da faixa amarela o corpo do garoto de 19 anos que foi
morto por um policial militar, Ademar Oliveira, 55, se destacava pela
sua expressão de dor e perda. Os olhos cabisbaixos e o andar perdido, de
um lado para o outro, revelavam que ela era próximo da vítima. No caso,
pai.O silêncio dele era interrompido quando alguém lhe perguntava algo sobre o jovem morto. “Era meu filho... Ele era doente desde a nascença. Andava por aqui para cima para baixo, todo mundo conhecia ele e esses caras atiraram nele. Acabaram com ele”, falou, com uma voz embargada e os olhos marejados, cheios de lágrimas que teimavam em não cair.
Ademar estava em casa quando o filho morreu após supostamente ter reagido a uma abordagem policial. Foi avisado por um amigo da família e correu ver com os próprios olhos. O jovem, que tinha o mesmo nome do pai, Ademar da Silva Oliveira, 19, era deficiente auditivo e mental. Não possuía uma das orelhas e falava com dificuldade. Segundo o pai, era como uma criança.
(Sem horizonte, Ademar quer buscar Justiça pela morte do filho)
De acordo o testemunho que o policial militar autor do disparo deu ao delegado Geraldo Gezoni Filho, a guarnição da PM foi acionada via Ciosp após receber a denúncia de um homem armado andando naquelas imediações. Ao fazer uma ronda pelo local encontraram o jovem que batia com a descrição dada e o abordaram.
Foi então que Ademar da Silva Oliveira teria feito menção de sacar um facão que carregava na cintura. Supostamente para se defender, o sargento da guarnição deu um tiro no lado esquerdo da vítima, mais ou menos dois dedos abaixo do coração. O garoto morreu.
Para o pai da vítima essa explicação é suficiente. “Vou buscar a Justiça. Eu quero que a Justiça seja feita. Nem quis ouvir esses policiais.. são todos uns bandidos”, disse em um tom visivelmente nervoso e triste. “Todo mundo daqui conhecia meu menino. Não tinham porque fazer isso com ele”, lamuriou-se.
Entre a pequena multidão que observava a atividade dos policiais enquanto a perícia não chegava, ouvia-se vários comentários de revolta. “Em quem tem que atirar eles não atiram, agora débil mental eles matam”. “Esse menino vivia soltando pipa. Conhecia ele desde os cincos anos”. “Ainda ontem eu levei remédios para ele. Não podiam ter feito isso”.
O delegado Geraldo Gezoni Filho já chamou para a guarnição responsável pela abordagem que acabou com a morte do jovem para prestar depoimento. “Não há flagrante porque a priori eles estavam em cumprimento estrito do dever legal e agram em legítima defesa. Eles mesmo acionaram a Polícia Civil e aguardaram a nossa chegada”, contou.
olhar direto -Redação - Jardel P. Arruda