22 criminosos se dividiram em
três grupos para executar a logística, execução e resgate
Uma das investigações de destaque
realizadas pela Polícia Civil no ano passado chegou à identificação de toda a
quadrilha, composta por 22 criminosos, responsável pelo assalto contra duas
cooperativas de crédito, na cidade de Nova Bandeirantes, região norte do
estado. Treze criminosos foram indiciados no inquérito conduzido pela Gerência
de Combate ao Crime Organizado (GCCO), sendo que nove deles tiveram as prisões
preventivas decretadas pela Justiça. Um dos responsáveis pela logística do
assalto ainda é procurado pela Polícia Civil.
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A ação do grupo, que em 30 dias
planejou o assalto, abalou o cotidiano da pequena cidade no extremo norte de
Mato Grosso, no dia 4 de junho deste ano. Os criminosos, divididos em dois
grupos, agiram na modalidade conhecida como 'novo cangaço'. Câmeras dos caixas
eletrônicos e do comércio nas proximidades registraram a ação do bando, que
rendeu vítimas e formou um escudo humano para evitar a aproximação dos
policiais, enquanto outra parte deles invadia as agências e roubava os valores.
Durante o assalto, duas vítimas foram atingidas, mas sobreviveram. Na fuga, o
grupo roubou veículos, além de uma arma de fogo e um colete balístico do
vigilante de uma das agências.
Investigação
A GCCO reuniu um farto material
probatório que demonstrou em detalhes como foi o planejamento do crime, quem
eram os integrantes do bando, a fuga,
buscas e as prisões na sequência.
A investigação conduzida pelo
delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira identificou os 22 integrantes do bando
criminoso, que foi dividido em três grupos - logística, execução e resgate -
para executar o assalto. “Eles tiveram mais ao menos trinta dias para planejar
esse crime, onde agiram durante toda a atividade com muita violência”, destaca
o delegado.
O presidente do inquérito pontua
ainda que para chegar à dinâmica e esclarecimento das condutas de cada
criminoso no planejamento e execução do assalto, a perícia foi fundamental.
Foram realizadas mais de 30 perícias, de simples a complexas, inclusive com
banco de dados de DNA, que auxiliou na identificação dos criminosos. “Foi uma
ação integrada que deu esse resultado”, afirma Vitor Hugo
Buscas
Momento após a execução do crime,
forças policiais do Estado, incluindo grupos especializados das Polícias
Militar e Civil, com apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas (Cioaper) da
Secretaria de Segurança Pública, se uniram nas buscas pelos criminosos, que se
esconderam em áreas de mata fechada na região de Nova Bandeirantes.
Durante mais de 58 dias em campo
na busca pelos criminosos, policiais militares e civis conseguiram chegar a
integrantes do bando que participaram diretamente do assalto. Nove deles
morreram em confronto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Força
Tática, entre os dias 10 e 28 de junho, em Nova Bandeirantes. Outros cinco
foram presos pela equipe da Delegacia de Nova Monte Verde e pela PM em Nova
Bandeirantes.
Planejamento
Onze criminosos, entre eles um
homem e duas mulheres, todos irmãos, organizaram a logística do assalto. A
maior parte do grupo veio da região Nordeste do País e chegou a Alta Floresta
no mês de maio, onde foi montada a base para o planejamento da ação criminosa.
Dois deles, Ronaldo Rodrigues de Souza e Diego Almeida Costa trouxeram uma
camionete Hillux, roubada em Petrolina (PE), e usada no assalto. Outros vieram
de ônibus, de veículo locado ou carros particulares.
Execução
Na madrugada do dia 04 de junho,
os criminosos saíram de Alta Floresta em direção a Nova Bandeirantes e nas
proximidades da cidade, se reuniram para distribuir as tarefas durante o
assalto. Antes de agir contra as cooperativas de crédito, eles roubaram três
veículos, queimaram um deles em cima de uma ponte e atiraram contra um
caminhão, atravessado na pista, já com a intenção de obstruir a entrada da
cidade. Em seguida, o bando entrou na cidade e simultaneamente, divididos nas
duas camionetes anteriormente roubadas e sempre em comunicação entre eles,
assaltaram as duas agências. Seis deles, sendo quatro mortos depois em
confronto com as forças policiais (Ronaldo, Maciel, Samuel e Cristiano)
roubaram a agência do Sicoob.
Outros seis, sendo três mortos
posteriormente durante os confrontos (Diego, Adailton e Waldeir), assaltaram a
cooperativa Sicredi.
Resgate
A investigação da GCCO apontou
que uma terceira parte do grupo ficou responsável pela organização e resgate
dos criminosos que executaram o assalto. O esconderijo do grupo foi montado em
uma área a 46 km da cidade de Nova Bandeirantes e eles tentaram confundir os
policiais, roubando veículos e queimando em um ponto diferente.
Para executar o resgate e
esconder os assaltantes, o grupo escolheu um local, na região de mata fechada
em Nova Bandeirantes, onde guardaram alimentos, água e acessórios como redes,
para que pudessem se esconder. “A intenção deles era de esconder na mata e ser
resgatados aos poucos. Eles não imaginaram que a polícia, especialmente a
Polícia Militar, daria a continuidade nas buscas por tanto tempo”, explicou o
delegado.
Durante as buscas, dois do grupo
que fez o resgate morreram em confronto com a PM. Um deles era empresário em
Alta Floresta e foi identificado na investigação como um dos responsáveis por
dar apoio à empreitada criminosa.
Apreensões
As buscas das forças policiais
pelo bando de assaltantes resultou em 12 armas de fogo apreendidas, entre
fuzis, espingardas, pistolas e revólveres), R$ 20 mil em joias, além de 13
veículos utilizados pelos criminosos em diversas etapas do roubo. Também foram
recuperados R$ 573 mil do valor levado das cooperativas.
Raquel Teixeira/Polícia Civil-MT