Reserva xavante Marãiwatsédé fica na região nordeste de Mato Grosso.
PF aguarda momento certo para usar a força na área, avisa delegado.
(Foto: Agência da Notícia)
Em entrevista ao G1, Xavier informou que agentes da PF já estão na área da terra indígena, localizada na região nordeste do estado. O intuito é cumprir a decisão da Justiça Federal, proferida pela 1ª Vara de Mato Grosso, mas por enquanto os agentes têm orientado os invasores a se retirarem com seus bens voluntariamente.
Segundo o delegado, durante a ação policial será decretado o perdimento de todos os bens que porventura permanecerem na reserva, daí a orientação de saída voluntária. Porém, ele alertou que a tolerância ao descumprimento da decisão judicial já se esgotou e que, por isso, a qualquer instante as forças policias estão preparadas para deixar o regime de monitoramento e entrar nos 165 mil hectares da reserva de forma ostensiva.
Ex-ocupantes do local demarcado como reserva xavante Marãiwatsédé, posseiros expulsos em processo de desintrusão levado a cabo entre 2012 e 2013 voltaram às terras este ano.
Primeiramente os invasores reocuparam a área central conhecida como “Posto da Mata” e, em seguida, dispersaram-se entre as antigas fazendas. Segundo o presidente da Associação dos Produtores da Suiá Missú (Aprosum), Sebastião Prado, as famílias resolveram retornar porque haveria possibilidade de recurso no processo referente às terras e porque o governo federal não cumpriu promessa de reassentar as famílias mais carentes após a desintrusão.
Segundo Xavier, entretanto, a realidade na reserva é diferente. Ele confirmou a reconstrução das casas, mas afirmou que tratam-se de estruturas bastante precárias, como barracos de lona e palha. Algumas das cerca de dez construções abandonadas dentro da terra indígena desde a desintrusão estariam sendo reaproveitadas.
'Massa de manobra'
Parte do gado também foi reintroduzida na área. O delegado preferiu não informar o número de invasores constatado pela PF, mas classificou como “falácia” a informação divulgada pelos produtores rurais resistentes de que haveria pelo menos 400 famílias de volta a Marãiwatsédé. A divulgação desse número, apontou, seria parte da tentativa de alguns produtores expulsos da área de insuflar o movimento invasor arregimentando – como “massa de manobra” – agricultores e posseiros carentes crentes na ideia difundida de que ainda há uma possibilidade de se reverter a demarcação da reserva xavante.
Os responsáveis apontados pelo delegado seriam “agitadores” que podem vir a responder por incitação ao crime, formação de quadrilha, desobediência a decisão judicial, invasão de terra pública, crime ambiental e até por incêndio - devido à destruição de um prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai) na área.
“As pessoas estão sendo ludibriadas com isso. São pessoas instruídas que estão usando a população carente como massa de manobra para retornar para a área”, declarou o delegado.