Meninas de 4 meses foram devolvidas aos pais biológicos há dois meses.
Famílias mantêm contato e prometem visita e troca de presentes neste Natal.
Alessandra segura Ana Vitória e Elcivânia pega Ana Clara (Foto: Gabriela Lima/G1)
Mães de bebês trocados na maternidade, a atendente Alessandra
Fernandes, de 17 anos, e a vendedora Elcivânia Angélica, 21, vivem uma
nova rotina depois que as filhas foram destrocadas e se sentem mães das
duas meninas. Neste Natal, Elcivânia, que mora em Goiânia, combinou de visitar a casa Alessandra, em Trindade,
na Região Metropolitana. Ambas querem presentear neste Natal a criança
que, por dois meses, criaram acreditando que tinha nascido da barriga de
cada uma.
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As meninas, agora com quatro meses de vida, batizadas como Ana Clara e
Ana Vitória, foram trocadas ao nascer, no último dia 16 de agosto na
Maternidade São Judas Tadeu, na capital. Elcivânia descobriu o engano
após fazer um exame de DNA para comprovar a paternidade da filha.Ela registrou o caso na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Após uma breve investigação e comprovação por meio de testes de DNA, a crianças acabaram destrocadas no dia 10 de outubro. Mas ambas garantem que o amor que nasceu nos primeiros meses de convivência persiste.
Ela e Elcivânia sempre se falam por telefone para saber notícia da "outra filha". "Eu ligo sempre para saber e pergunto: 'Cadê minha bebê? Você está cuidando bem dela?'", conta Alessandra.
A atendente, que relutou em entregar a menina que acreditava ser sua filha na delegacia, ainda chora sempre que se despede de Ana Vitória. "Amo as duas. Peguei ela [Ana Vitória] no hospital, cuidei dela por dois meses. Tinha o maior enjoo", relata.
Da mesma forma, Elcivânia mantém um sentimento grande por Ana Clara, que tem o mesmo nome de sua filha mais velha, de 2 anos. "Ela, para mim, é minha filha. Foi o primeiro amor, mamou em mim. Não consigo chegar e falar vem na titia. Não, é mamãe", diz Elcivânia.
DNA
A troca de bebês foi descoberta após o avô de uma das crianças pedir um teste de paternidade. Elcivânia conta que a família do ex-namorado mora em Palminópolis e ela viajou para a cidade para fazer o exame de DNA. Quando o resultado saiu, pegou a vendedora de surpresa.
"Eu não acreditava, dizia que não tinha lógica, gritava que queria a minha filha. Eu nem me reconheci", relata Elcivânia. Logo após o susto, Elicivânia se lembrou de ter sido chamada de Alessandra na sala de parto. Também se recordou que dividiu a enfermaria com a atendente e, ainda no laboratório em Palminópolis, onde o pai da filha mora, matou a charada: "Minha bebê é aquela cabeludinha que estava no quarto".
Ela e o pai da filha voltaram no outro dia para Goiânia e procuraram o hospital. Também registraram uma ocorrência na delegacia.
O hospital assumiu que os partos foram feitos em horários próximos. Segundo a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Renata Vieira, o hospital assumiu que as mães das crianças trocaram de lugar na fila do centro cirúrgico. As duas mães acionaram a maternidade na Justiça, por danos morais.
Alessandra e o marido com filha Ana Clara (Foto: Gabriela Lima/G1)
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