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2013/08/20

Saúde na UTI: Nortão Notícias denuncia caos e falência no Hospital Municipal de Peixoto

Uma casa de horrores, um local que em nada lembra uma unidade hospitalar capaz de prestar um tratamento humanizado e eficaz a população. Assim está o Hospital Municipal de Peixoto do Azevedo - HMPA (690 km de Cuiabá) que possui 74 leitos e onde são atendidos diariamente, apenas com consultas médicas, cerca de 80 pessoas.

Na quinta-feira (15/08) a reportagem do Nortão Notícias foi até o município averiguar in loco denúncias feitas por moradores da cidade sobre a situação precária em que se encontra aquele hospital, que também atende usuários em algumas referências de outros municípios da região.

A situação do HMPA constatada pelo Site e em depoimentos colhido junto a alguns pacientes revela um estado de falência e descaso com a saúde da população que necessita de socorro médico hospitalar em Peixoto de Azevedo.

Saco sem fundo

Diante do que foi detectado no hospital, e das condições precárias de atendimento oferecido na rede básica nos 7 Postos de Saúde da Família, é inegável que o problema tenha se agravado e chegado a este quadro pela falta de uma gestão pública eficiente, que revela indício de má uso do dinheiro público da saúde.

Isto porque conforme informou o secretário de administração da prefeitura de Peixoto, Charles Fumiére, o município estaria gastando cerca de 37% do orçamento municipal com saúde pública, um valor muito acima dos 15% previsto em lei.

Segundo declarou o secretário em entrevista recente ao Nortão Notícias, o município de Peixoto do Azevedo gasta mensalmente cerca de R$ 1 milhão de reais apenas para manter o HMPA (Clique aqui e confira a entrevista do secretário).

Contudo o que se vê na prática não reflete todo este investimento. A estrutura é precária e há muito tempo não passa por reformas, falta equipamentos, o centro cirúrgico não funciona adequadamente, o número de especialidades médicas é reduzido e boa parte dos casos que dão entrada na unidade acaba sendo transferidos para fora do município.

Para manter o Hospital Regional de Colíder, que tem 5 vezes mais a capacidade do Hospital Municipal de Peixoto e presta atendimentos de média e alta complexidade, inclusive com leitos de UTI, o governo do estado investe mensalmente cerca de R$ 2,5 milhões. Este valor é proporcionalmente muito inferior do que se gasta em Peixoto e segundo lideranças do Consórcio Intermunicipal de Saúde poderia se gastar muito menos e com mais eficiência se não fosse administrado por uma OSS.

Apenas com transporte de pacientes e despesas com os mesmo para tratamento em outros locais, como é caso de Cuiabá para onde são levada a maioria das pessoas, a prefeitura de Peixoto ‘gasta’ mensalmente cerca de R$ 300 mil reais.

Estadualização do HMPA

Uma saída para resolver de vez esta situação, e oferecer um tratamento digno à saúde dos moradores, é a estadualização deste hospital. Com isto o governo estadual ficaria responsável pela reforma, reaparelhamento e reestruturação do quadro de profissionais que a unidade necessita e prefeitura de Peixoto não teve competência para fazer.

Esta proposta está sendo estudada pelo governo Silval Barbosa que demostrou interesse. Tanto é que em audiência realizada com lideranças políticas da região, em abril passado, anunciou a liberação de R$ 3 milhões em investimento para o HMPA, recurso este que deve ser liberado ainda este ano.

Confira abaixo um breve diagnóstico feito pela reportagem no HMPA.

Demora no atendimento

Pacientes que procuram o HMPA precisam esperar por longo tempo, às vezes até por 5 horas, para receber atendimento. A situação é ainda mais difícil para quem vem do interior do município, a exemplo do distrito de União do Norte, localizado há cerca de 80 km da cidade, que apesar de possui um PSF não possui médico para dar atendimento.

O problema ocorre, segundo alguns servidores, pelo grande número de pessoas que busca atendimento, aliado a falta de investimentos em pessoal e na estrutura hospitalar.

O enfraquecimento e falta de um atendimento eficiente na rede básica dos postos de saúde também colabora para aumentar na demanda no hospital.

Falta de equipamentos hospitalares

A falta de investimentos por parte da Prefeitura de Peixoto de Azevedo é apontado por profissionais que trabalham no HMPA como principal causa do sucateamento e falta de equipamentos daquela unidade hospitalar.

Dentre os vários equipamentos que o HMPA necessita para melhorar e agilizar o atendimento está o foco cirúrgico. Trata-se de um aparelho de iluminação usado nas cirurgias que é de suma importância. Sem este aparelho várias cirurgias não são possíveis de serem realizadas.

Uma fonte revelou a nossa reportagem que o Hospital se encontra há mais de um ano sem este equipamento. E por este motivo um grande número de cirurgia que poderiam ser realizadas neste hospital são encaminhadas para outras unidades como Sorriso, Colíder e Cuiabá.

Descarte de amostras e informações de pacientes

Uma fonte que não quis se identificar por medo de represália revelou a ocorrência de uma falha grave de procedimento interno no HMPA que pode prejudicar vários pacientes, sobretudo as gestantes.

Segundo a fonte servidores do hospital teria descartado no lixo amostras sanguíneas de pacientes e documentos contendo todas as informações dos mesmos. Com isto não será possível saber ao certo da condição da saúde de várias gestantes que deram entrada com pedido para exames preventivos.

“Caso o hospital desejar fazer contato com uma gestante para fazer um novo exame isto não será possível, pois todas as informações pessoais, de contato e endereço das mesmas foram perdidas”, revelou.

Estrutura física

Constatamos que o prédio que abriga a unidade hospitalar está em estado crítico e visivelmente deteriorado, com infiltração de águas em vários locais. A pintura que é bastante antiga em algumas partes está se soltando das paredes.

A parte elétrica precisa de reparos, há várias tomadas danificadas e em alguns locais constatamos a presença de fiação exposta com risco de provocar incêndio.

O piso do prédio por ser bastante antigo se encontra bastante desgastado e com rachaduras, o que propicia a infiltração de humidade e a proliferação de fungos e bactérias.

Os banheiros e sanitários também necessitam de reformas para melhorar as condições de higiene e comodidade dos pacientes.

A parte hidráulica apresenta vazamentos em vários pontos externos e internos do prédio, em pias, lavanderias e sanitários. Em alguns pontos a iluminação é precária e em outros se que existe.

Várias portas estão danificadas necessitando ser substituídas. Em algumas portas e janelas de metal é visível a corrosão pela ferrugem. Várias vidraças estão quebradas há meses, propiciando a entrada de poeira, vento e até mesmo insetos para a parte interna do hospital.

Precariedade do mobiliário

O mobiliário de praticamente todo o hospital se encontra em estado crítico devido o longo tempo de uso.

Armários onde fica a documentação do hospital, fichas e prontuários médicos dos pacientes estão tomados por ferrugem e sem trancas, com sério risco de perda e danos nos materiais.

Armários onde são depositados medicamentos e materiais hospitalares não oferecem a devida segurança. É possível ver seringas acondicionadas de forma indevida, com riscos de contaminação.

A maior parte dos bancos e cadeiras disponíveis para os paciente são de madeira, inadequados e sem o mínimo conforto. Isto torna ainda mais difícil e penosa a situação de pacientes que acabam tendo que esperar por horas para receber atendimento.

Algumas camas dos leitos de internação e estabilização de pacientes estão tomadas por ferrugem e outras danificadas, representando riscos para os usuários.

Mesas de atendimentos, porta soros, macas e cadeiras de roda, na maioria não oferecem condições uso devido o baixo estado de conservação.

Lavanderia e Cozinha

A cozinha onde é preparado as refeições para os pacientes internados é outro local que também necessita de melhorias. Fogões e utensílios desgastados pelo uso e alimentos condicionados de forma inadequada são alguns dos problemas do local.

A lavagem e secagem das roupas de camas, toalhas e uniformes de profissionais são realizadas em uma lavanderia em condições precárias, uma realidade que perdura há muito tempo. Está situação pode propiciar a qualidade deste trabalho e, consequentemente, a saúde dos usuários.

Higiene e Limpeza

Setores cruciais para a segurança hospitalar que pode evitar a proliferação de doenças e a contaminação, a higiene e limpeza do HMPA apresenta várias falhas.

Em vários locais é possível ver lixeiras abarrotadas de lixo próximo a pessoas doentes e locais de atendimento. As péssimas condições de pisos e paredes dificulta ainda mais o trabalho limpeza.

O lixo hospitalar não possui um abrigo adequado conforme preconiza normas da vigilância sanitária e de saúde, oferecendo riscos de proliferação de focos de doenças infectocontagiosas.

Da Redação

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