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Segundo a administração, a
Prefeitura de Cuiabá deve R$ 6,8 milhões, acumulados desde junho de 2018.
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Mesmo com a sessão marcada,
pacientes oncológicos estão voltando para casa sem fazer a quimioterapia. Eles
estão sendo dispensados do Hospital do Câncer de Mato Grosso, sem expectativa
de retorno, com a justificativa de que o problema é a falta de dinheiro para
comprar os remédios.
Conforme o balanço da unidade, o
débito chega a R$ 6,8 milhões, acumulados desde junho de 2018.
No valor, estão os repasses por
serviços, incentivos e ainda emendas parlamentares que caíram na conta da
Prefeitura de Cuiabá, mas que não teriam sido transferidas para o hospital, que
atendeu 107.326 pessoas somente no ano passado.
Responsável técnico pelo setor
Hematológico, o médico André Crepaldi diz que as quimioterapias foram suspensas
esta semana porque não há mais como custear o serviço.
Atualmente, 600 pacientes estão
com tratamento em andamento e foram diretamente atingidos pela decisão.
Os estoques não têm mais remédios
para realização de quimioterapias no setor de hematologia (Foto: Freepik)
“O impacto logo será sentido nos
demais setores do hospital e em muitos serviços nos quais o hospital é
referência, como de oncologia infantil”, avalia o profissional.
Segundo Crepaldi, os prejuízos da
paralisação são incalculáveis e vão, desde a demora na cura, até a aceleração
da morte, uma vez que, em casos graves, o tumor pode aumentar e a doença
evoluir.
Balanço detalhado
Entre os débitos da Prefeitura de
Cuiabá com o Hospital do Câncer estão:
Incentivo de Valorização por
Qualificação Profissional (desde julho de 2018) – R$ 693.422
Serviços de endoscopia/coloscopia
(desde setembro de 2019) – R$ 276.455
Serviços ambulatoriais (novembro
e dezembro de 2019) – R$ 3,6 milhões
Serviços em média e alta
complexidade (dezembro de 2019) – R$ 168.526
Emenda parlamentar que caiu na
conta da prefeitura dia 26 de dezembro – R$ 1,6 milhão
Emenda parlamentar que caiu na
conta da prefeitura dia 30 de dezembro – R$ 400 mil.
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Prefeitura de Cuiabá tem débitos somados desde 2018 e não há prazo definido para pagar (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre) |
Desespero de quem corre contra o
tempo
No grupo de pessoas atingidas
estão incluídos pacientes de Cuiabá e também do interior. Alguns estão
começando o tratamento e outros foram surpreendidos no meio do processo.
Desespero de quem corre contra o
tempo
No grupo de pessoas atingidas
estão incluídos pacientes de Cuiabá e também do interior. Alguns estão
começando o tratamento e outros foram surpreendidos no meio do processo.
O estudante Matheus Silva
Oliveira, 24, conta que chegou para fazer a terceira sessão de quimioterapia no
setor de hematologia e foi informado que não haveria medicação. Na ocasião, a
recepção estava repleta de pacientes, que também ficaram desesperados com a
situação.
“Eu falei com a minha médica e
ela disse que, dependendo do tempo de atraso, pode haver reflexos no meu
tratamento. Quero apenas continuar e poder me curar”, desabafa.
Segundo o paciente, o que mais o
deixou preocupado foi a falta de expectativa quanto ao retorno. Os funcionários
encaminharam os pacientes para a Ouvidoria e, lá, nada de concreto foi passado.
“Disseram apenas que precisamos
esperar um retorno, porém não sabemos até quando”, relembra.
Apenas um problema recorrente
Presidente do MT- Mamma, Cleuza
Dias conta que a situação dos pacientes oncológicos tem piorado muito nos
últimos anos. Na avaliação dela, isso aconteceu por conta de um desequilíbrio.
Enquanto o número de pacientes aumenta, o serviço público diminui o número de
atendimento e de leitos.
Ela explica que casos como o de
Matheus foram recorrentes ao longo do ano passado. E os problemas não são
apenas no Hospital do Câncer, mas sim no sistema público como um todo.
“Tivemos uma paciente que morreu
porque ficou três dias acomodada no pronto-atendimento, esperando um leito de
UTI. Ela faleceu sem conseguir”, relata.
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Santa Casa não tem mais as portas abertas, o que reduziu os locais de socorro aos pacientes (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre) |
A falta de acesso é justificada
pela redução de leitos no Hospital do Câncer, Pronto-socorro de Cuiabá, bem
como em outras unidades que antes recebiam os pacientes vindo do Sistema Único
de Saúde (SUS).
Outra questão foi a mudança do
atendimento no hospital Santa Casa de Misericórdia. Antes, a unidade recebia as
pessoas de portas abertas. Agora, apenas regulados pela Secretaria de Estado de
Saúde (SES).
Manifestação
Devido ao cenário cada vez mais
complicado, a organização está promovendo a 7ª Marcha Rosa em Cuiabá.
Dias lembra que, mesmo a cor
sendo alusiva ao câncer de mama, o objetivo é dar voz aos doentes oncológicos e
exigir o cumprimento da lei, bem como a humanização dos serviços.
Aos interessados, a 7ª Marcha
Rosa em Defesa dos Direitos da Pessoa com Câncer em Mato Grosso será neste
sábado (7).
Concentração: a partir das 7h30
Local: Praça Alencastro
Vestimenta: camiseta rosa ou
branca
O que a Prefeitura diz?
A reportagem do LIVRE entrou em
contato com assessoria de imprensa da Prefeitura de Cuiabá para saber a versão
da administração do município sobre o caso, mas até a publicação desta matéria,
não obteve retorno.
O espaço continua aberto a
manifestações.
Caroline Rodrigues
olivre