Frequentar
a escola regularmente para aprender a ler e a escrever não tem dado
certo para um dos alunos da Escola Estadual Malik Didier Namer Zahafi,
no Bairro Pedra 90, emCuiabá.
A mãe do aluno Mateus Antero disse ter implorado para a direção da
unidade de ensino reprovar o filho dela, de 10 anos. O menino está na
quinto ano do “Ciclo de Formação Humana“ - quarta série do ensino
fundamental -, mas não sabe ler, nem escrever.
"Ele só sabe copiar do quadro, então acho melhor retê-lo do que aprová-lo, sem que ele apresente condições para isso", disse aoG1 a estudante de pedagogia, Silvia Estevam de Carvalho, que trabalha como auxiliar de limpeza. Ela contou ter exposto a situação durante reunião realizada recentemente entre a assessoria pedagógica da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e pais de alunos, mas que a resposta é de que não podem retê-lo, pois o sistema de ensino não permite. "Eles [direção da escola] me dizem que ele [filho] aprenderá no tempo dele, mas não acho normal, porque o que será do futuro do país", declarou.
Silvia trabalha na escola onde o filho estuda na função de auxiliar de limpeza e, segundo ela, esse não é um problema apenas do seu filho. "Tem muitos alunos em situação pior ainda, porque já estão no 7º ano e não sabem ler, nem escrever", disse. Ela contou que o filho só consegue escrever se tiver copiando do quadro, mas não consegue entender o que escreve. É como se estivesse desenhando. Mateus é filho único.
A escola em que ele estuda obteve a menor média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 em Mato Grosso. A unidade foi fundada há 22 anos e até 2011 só oferecia a Educação para Jovens e Adultos (EJA) como modalidade de ensino
O secretário da unidade de ensino, José Carlos Oliveira, afirmou ao G1 que o sistema determina que o aluno não pode ser retido. "Ocorre que nas escolas “cicladas“, independentemente do aluno saber ou não, ele não pode ser retido, porque também existe a questão de idade e série", disse, ao exemplificar que, no ano passado, a escola recebeu um aluno da rede municipal que tinha 13 anos e fazia a quarta série, mas a escola não pôde matriculá-lo nessa série e o “elevou“ à 8ª série.
"É culpa do sistema, porque a escola não faz milagres. Por mais que tenhamos vontade de ajudar o aluno, ele pulou as fases de aprendizagem", lamentou. Ele disse ter tirado dúvidas com a Seduc quando à questão desse aluno, especificamente, e a resposta que recebera foi de que tinha que seguir o sistema. "Em alguns casos, a culpa também é da família. Tem casos em que o aluno não é matriculado no tempo certo e, quando o Conselho Tutelar descobre, obriga os pais a colocá-lo na escola, mas às vezes causa um desequilíbrio psicológico no aluno ao ver que os colegas mais novos sabem mais do que ele", avaliou Oliveira.
Ele citou a média obtida pela Malik Didier no Enem, em 2012, como resultado desse método de ensino. Explicou que, dos 21 alunos que fizeram o Exame, 20 eram da Educação para Jovens e Adultos (EJA), que também não reprova os alunos. "São alunos que passaram 20 anos sem estudar e concluíram o ensino médio em um ano e se saíram mal, até porque a EJA não reprova", contou. Segundo ele, o sistema exige somente que o aluno tenha 75% de presença para ser aprovado. "Isso é ruim para as escolas. Em São Paulo tinha esse tipo de ensino e foi revogado", comentou.
Para a coordenadora de Ensino Fundamental da Seduc, Aparecida de Paula, a situação de Mateus é delicada, mas que não é permitida a retenção de nenhum aluno até o final do terceiro ciclo e está está no segundo ciclo. "O normal é que a criança aprenda no processo de aprendizeram, mas a questão de ficar retido não está prevista no ciclo", afirmou. Conforme a coordenadora, a política tem o intuito de fortalecer o trabalho pedagócio, mas que dependendo da situação de cada aluno é designado um professor para acompanhá-lo.
Ela avalia que a capacidade cognitiva varia entre os alunos. "Está prevista uma compreensão cognitiva das crianças. Se a criança está no ciclo, ela não precisa ficar retida, porque cada uma tem a capacidade cognitiva a seu tempo", argumentou, ao fazer um contraponto: "Se uma criança de seis anos tiver à frente das demais, não precisa ficar amarrada aos colegas de seis anos".
"Ele só sabe copiar do quadro, então acho melhor retê-lo do que aprová-lo, sem que ele apresente condições para isso", disse aoG1 a estudante de pedagogia, Silvia Estevam de Carvalho, que trabalha como auxiliar de limpeza. Ela contou ter exposto a situação durante reunião realizada recentemente entre a assessoria pedagógica da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e pais de alunos, mas que a resposta é de que não podem retê-lo, pois o sistema de ensino não permite. "Eles [direção da escola] me dizem que ele [filho] aprenderá no tempo dele, mas não acho normal, porque o que será do futuro do país", declarou.
Silvia trabalha na escola onde o filho estuda na função de auxiliar de limpeza e, segundo ela, esse não é um problema apenas do seu filho. "Tem muitos alunos em situação pior ainda, porque já estão no 7º ano e não sabem ler, nem escrever", disse. Ela contou que o filho só consegue escrever se tiver copiando do quadro, mas não consegue entender o que escreve. É como se estivesse desenhando. Mateus é filho único.
A escola em que ele estuda obteve a menor média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 em Mato Grosso. A unidade foi fundada há 22 anos e até 2011 só oferecia a Educação para Jovens e Adultos (EJA) como modalidade de ensino
O secretário da unidade de ensino, José Carlos Oliveira, afirmou ao G1 que o sistema determina que o aluno não pode ser retido. "Ocorre que nas escolas “cicladas“, independentemente do aluno saber ou não, ele não pode ser retido, porque também existe a questão de idade e série", disse, ao exemplificar que, no ano passado, a escola recebeu um aluno da rede municipal que tinha 13 anos e fazia a quarta série, mas a escola não pôde matriculá-lo nessa série e o “elevou“ à 8ª série.
"É culpa do sistema, porque a escola não faz milagres. Por mais que tenhamos vontade de ajudar o aluno, ele pulou as fases de aprendizagem", lamentou. Ele disse ter tirado dúvidas com a Seduc quando à questão desse aluno, especificamente, e a resposta que recebera foi de que tinha que seguir o sistema. "Em alguns casos, a culpa também é da família. Tem casos em que o aluno não é matriculado no tempo certo e, quando o Conselho Tutelar descobre, obriga os pais a colocá-lo na escola, mas às vezes causa um desequilíbrio psicológico no aluno ao ver que os colegas mais novos sabem mais do que ele", avaliou Oliveira.
Ele citou a média obtida pela Malik Didier no Enem, em 2012, como resultado desse método de ensino. Explicou que, dos 21 alunos que fizeram o Exame, 20 eram da Educação para Jovens e Adultos (EJA), que também não reprova os alunos. "São alunos que passaram 20 anos sem estudar e concluíram o ensino médio em um ano e se saíram mal, até porque a EJA não reprova", contou. Segundo ele, o sistema exige somente que o aluno tenha 75% de presença para ser aprovado. "Isso é ruim para as escolas. Em São Paulo tinha esse tipo de ensino e foi revogado", comentou.
Para a coordenadora de Ensino Fundamental da Seduc, Aparecida de Paula, a situação de Mateus é delicada, mas que não é permitida a retenção de nenhum aluno até o final do terceiro ciclo e está está no segundo ciclo. "O normal é que a criança aprenda no processo de aprendizeram, mas a questão de ficar retido não está prevista no ciclo", afirmou. Conforme a coordenadora, a política tem o intuito de fortalecer o trabalho pedagócio, mas que dependendo da situação de cada aluno é designado um professor para acompanhá-lo.
Ela avalia que a capacidade cognitiva varia entre os alunos. "Está prevista uma compreensão cognitiva das crianças. Se a criança está no ciclo, ela não precisa ficar retida, porque cada uma tem a capacidade cognitiva a seu tempo", argumentou, ao fazer um contraponto: "Se uma criança de seis anos tiver à frente das demais, não precisa ficar amarrada aos colegas de seis anos".
Fonte: G1MT