Popularmente conhecido como
derrame, o Acidente Vascular Cerebral se caracteriza por alteração do fluxo
sanguíneo no cérebro, o que resulta na falta de oxigênio e nutrientes.
Segundo a Organização Mundial de
AVC, 70 mil brasileiros morrem de AVC todos os anos. As doenças
cerebrovasculares são as que mais matam e o AVC fica atrás apenas do infarto
nesse ranking, sendo a principal causa de incapacidade em adultos.
E por que será que a incidência
de tal enfermidade é maior no frio?
Médica neurologista e professora
do curso de Medicina da Unic, Bianca Araldi, conta porquê nesse período é
preciso estar mais atento a possíveis sintomas. “Para manter a temperatura
corpórea, os vasos reduzem seu calibre para evitar a perda de calor; ação essa
que aumenta a pressão arterial sistêmica. Deve-se considerar que nesse período,
o consumo de água é menor então a tendência a ter uma desidratação é maior,
deixando o sangue mais viscoso. Sendo assim, a somatória do sangue mais viscoso
e da vasoconstrição, facilita o deslocamento de placas de gordura pelo corpo,
aumentando o risco de isquemia cardíaca ou cerebral”, explica a especialista.
Manifestado de duas maneiras -
isquêmica ou hemorrágica, o AVC merece atenção quanto aos sintomas para que se
identifique rapidamente, uma vez que o tratamento deve ser imediato.
No AVC isquêmico os vasos do
cérebro se estreitam ou são bloqueados, o que gera interrupção do fluxo
sanguíneo (isquemia). Ocorre, em geral, em pessoas mais velhas, com diabetes,
colesterol elevado, hipertensão arterial, problemas vasculares e fumantes. Os
sintomas normalmente são: perda repentina da força muscular de um lado do
corpo, ou da visão; dormência na face, braço ou perna de um lado do corpo;
dificuldade de comunicação oral (fala arrastada) e de compreensão; tonturas;
formigamento num dos lados do corpo.
No AVC hemorrágico a especialista
destaca que ocorre sangramento em uma parte do cérebro em consequência ao rompimento
de um vaso sanguíneo. Nesse caso, deve-se ficar atento a qualquer sinal de
aumento da pressão intracraniana; dor de cabeça forte e repentina acompanhada
de vômitos; e déficits neurológicos semelhantes aos provocados pelo acidente
vascular isquêmico.
Como evitar
A neurologista destaca que
cultivar hábitos saudáveis é um caminho para driblar os riscos de AVC. “Há os
chamados riscos modificáveis, que são aqueles cuja identificação, intervenção e
tratamento podem evitar o primeiro evento cerebrovascular ou reduzir a recorrência.
Hipertensão, colesterol alto, diabetes, sobrepeso, sedentarismo, tabagismo e
consumo exacerbado de álcool, estão na lista de agravantes”, alerta.
Ao identificar os sintomas, o que
fazer?
“A primeira informação importante
é que o tempo entre os primeiros sintomas até o atendimento do paciente é
crucial para evitar sequelas mais graves”, enfatiza Bianca ao orientar que a
vítima seja levada imediatamente a um hospital com serviço de neurologia.
No Brasil, o atendimento nos
hospitais ocorre com a realização imediata de uma tomografia computadorizada de
crânio e a administração de um medicamento específico, quando indicado, para
reduzir ou até evitar sequelas permanentes seguido de diversos exames. O
trombolítico dado na fase inicial dos sintomas, quando indicado, apresenta boa
eficácia levando a melhoria do paciente em boa parte dos casos. Atualmente a
medicina já dispõe de recursos bem eficazes para enfrentar os AVCs,
principalmente os isquêmicos, que representam cerca de 85% dos casos identificados
nas unidades de saúde.
Média neurologista, docente na UNIC