2013/11/13

Justiça manda soltar acusado de perfurar olhos da ex-mulher em GO

Logo após decisão, MP-GO entrou com novo pedido de prisão preventiva.
Mara Rúbia esteve na sede do órgão na terça (12) e temia liberação do ex

Fernanda Borges Do G1 GO

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, revogou nesta quarta-feira (13) a prisão preventiva de Wilson Bicudo da Rocha, acusado de perfurar os olhos da ex-mulher, a operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, 27 anos. Com isso, foi expedido o alvará de soltura, mas ele só deve deixar a penitenciária nesta quinta-feira (14), segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus).
De acordo com Coelho, como o Ministério Público Estadual (MP-GO), que é titular da ação, entende que o crime configura lesão corporal gravíssima e não uma tentativa de homicídio, o caso não compete mais ao Tribunal do Júri. "Não me restou outra alternativa, já que a prisão havia sido decretada por mim que, a partir de agora, deixei de presidir o feito", esclareceu o magistrado.

No entendimento do promotor de Justiça João Teles Neto, o crime contra Mara Rúbia trata-se de lesão corporal. Já Coelho entende que foi uma tentativa de homicídio. Caso o processo seja julgado como lesão corporal, a possível punição ao acusado pode ser mais branda.


Logo após o anúncio da soltura, o MP informou que protocolou, no início da noite desta quarta-feira, um novo pedido de prisão preventiva para Bicudo. Na petição, o promotor de Justiça Fernando Aurvalle Krebs sustenta que estão presentes os requisitos para que ele permaneça em reclusão. Além disso, segundo ele, o objetivo da medida é garantir não só a ordem pública e a instrução criminal, como também a integridade física da vítima.

O pedido do MP deverá ser analisado por um dos juízes plantonistas de Goiânia.

Na terça-feira (12), Mara Rúbia e uma comitiva estiveram na sede do MP, em Goiânia, para pedir a garantia de uma punição severa ao agressor. Ela disse que está decepcionada com o andamento do processo. “Uma pessoa tenta matar a outra e não paga pelo que fez? E eu? Como que fica?”, disse.
Ao sair do local, a operadora de caixa chorou e disse que temia que o ex-marido fosse libertado. "Se ele [o agressor] for solto, eu vou parar em um caixão", disse.
Ela foi agredida pelo ex-companheiro no dia 29 de agosto, em Goiânia, quando chegava em casa para almoçar. Depois de cometer as agressões com uma faca de mesa, o homem fugiu. Após 21 dias foragido, ele se entregou à Polícia Civil.
Decisão
O promotor de Justiça João Teles Neto e o juiz Jesseir Coelho emitiram opiniões diferentes sobre o caso. Com isso, o impasse continua. “O que há de se pensar aqui é que o tempo está passando, o agressor já pediu a revogação da prisão preventiva e quando a gente espera que a Justiça vai ser feita, que essa decisão vai ser tomada, o Ministério Público manda para outro promotor para que esse outro promotor tome mais uma decisão”, afirmou a advogada de Mara Rúbia, Darlene Liberato.

Na reunião com o procurador geral do estado, Lauro Machado Nogueira, a operadora de caixa teve o apoio de parlamentares das bancadas femininas da Câmara de Deputados, da Assembleia Legislativa de Goiás e da Câmara de Vereadores de Goiânia, além de representantes do Conselho Estadual da Mulher e de centros de apoio à mulher.

Segundo Lauro Machado Nogueira, a Justiça errou ao enviar o processo para ele e, por isso, o processo segue tramitando. “A posição do procurador-geral não pode ser definida neste momento. O processo foi devolvido para que o promotor do 1º grau se manifeste se entende ou não que o caso é do Tribunal do Júri. Se houver um conflito entre os dois promotores aí sim é o momento do procurador-geral se posicionar”, afirmou.
Operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães teve os olhos perfurados pelo ex-marido, em Goiânia, Goiás (Foto: Arquivo pessoal)Operadora de caixa perdeu parte da visão após
ser agredida  (Foto: Arquivo pessoal)
Projeto de lei
No início do mês, Mara Rúbia foi a Brasília e visitou o plenário da Câmara de Deputados e o gabinete do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Sensibilizadas, as deputadas da Câmara propuseram um Projeto de Lei para que o processo penal contra agressores caminhe mesmo que a mulher não represente contra ele ou retire a denúncia por medo. Se aprovada, a lei deve ser batizada de Mara Rúbia.

“É isso que nós estamos querendo: o rigor maior da lei, para que nós não possamos chegar em uma situação quase patética de dificuldades para que o criminoso seja punido”, explicou a deputada federal Jô Moraes.

Crime
Desde a agressão, Mara Rúbia já passou por uma operação no olho esquerdo e duas no olho direito. Em seis meses, deverá passar por uma nova cirurgia. O médico Eduardo Eustáquio explica que as cirurgias são feitas por etapa por causa da gravidade das lesões, mas é positivo com a recuperação da paciente: "A chance dela ter uma recuperação visual é muito boa", afirmou na época da terceira cirurgia.

Segundo familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para a capital. Esta não foi a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento. Ela informou que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos os recados postados neste mural são de inteira responsabilidade do autor, os recados que não estiverem de acordo com as normas de éticas serão vetado por conter expressões ofensivas e/ou impróprias, denúncias sem provas e/ou de cunho pessoal ou por atingir a imagem de terceiros.

Featured post