Esta é a segunda de quatro audiências requeridas pelo deputado Wilson Santos
O deputado Estadual Wilson Santos abriu a audiência pública para debater o Projeto de Lei nº 1363/2023, em Cáceres, nesta terça-feira (20), elencando motivos que lhe levam a ser contra a proposta do Governo de Mato Grosso.
“Em Mato Grosso há tanta água doce que é possível a convivência de todas as suas modalidades em harmonia e não apenas a pesca esportiva; o projeto de lei 1363/2023 não tem estudo científico que o embase; todo ato que impactar comunidades de povos originários, indígenas, quilombolas, etc... precisa ter a consulta destes grupos, diz a Constituição Federal; a lei da Pesca diz que o pescador artesanal/profissional não pode ser extinto e que a continuidade de sal atividade”, explicou.
“Portanto, não há como simplesmente acabar com a pesca. Digo isso, porque proibir o transporte, o armazenamento e a venda do peixe dos rios de Mato Grosso por cinco anos é decretar o fim da atividade e da pesca. Isso de que a pesca não foi proibida porque o pescado pode ser consumido às margens não vira. O pescador precisa vender o peixe para garantir o sustento próprio e da sua família e isso o Governo não leva em conta”, completou o parlamentar.
O vereador Celso Silva chamou a atenção para o fato de não haver um único representante do Governo do Estado na audiência.
"O Governo do Estado deveria estar aqui hoje. Em Cáceres temos pessoas, famílias, que dependem do peixe para comer e para ter renda. Aqui não temos indústrias nem grandes oportunidades de emprego. Vivemos de repasses estaduais, federais e da pesca. Vou defender a pesca até o fim porque sou cacerense e sei do valor desta atividade para meu povo".
O professor doutor Luciano Pereira da Silva, do departamento de História da Unemat/Cáceres, fez uma alerta:
"Esse projeto é extremamente lesivo. [...] Coordenei a Comissão de Registro de Saberes dos Pescadores e das Pescadoras Tradicionais Artesanais de Cáceres que realizou pesquisa com 120h de reuniões, em 36 encontros, entre novembro de 2016 e fevereiro de 2018. [...] Reafirmamos a existência de um grupo de pescadores tradicionais artesanais que reivindicam a presença e permanência no rio para continuarem suas práticas ancestrais de pesca gerando renda, ganhando seu sustento e garantindo segurança alimentar".
Já o professor/pesquisador Claumir César Muniz, da Unemat, mostrou que estudo de monitoramento de espécies de interesse econômico realizado pela universidade mostra que nos últimos 10 anos o Pantanal Mato-grossense perdeu 15% de água. "Se tem menos água, tem menos habitat e menos peixe".
"Quem tira a água do rio não é o pescador. Essa redução implica na perda da capacidade de reprodução dos peixes. Hidrelétricas instaladas no rio Jauru tem diminuindo a quantidade de água e impactando no estoque pesqueiro. Outros seis projetos de PCHs para o rio Cabaçal vão significar a morte do rio que hoje, na época de baixa, já se consegue atravessá-lo com água abaixo do joelho. Com as hidrelétricas haverá fim dos peixes. Portanto, o que acaba com os peixes, não é a pesca", explicou.
O professor James Cabral, representante do deputado estadual Lúdio Cabral (PT) na audiência, chamou a atenção para o derrame de agrotóxicos nos rios, o que tem acabado com os peixes.
"Se o governador estivesse realmente preocupado com os peixes dos nossos rios, criava um projeto "Cota Zero Agrotóxico". Há anos o agro tem contaminado nosso solo e nossas águas com Atrazina, Picloram, Fipronil, Clomazone e Imidacloprido e o Governo não faz nada. Devia criar também o projeto "Cota Zero Desmatamento". São estas duas pragas que estão acabando com nossos rios, nossas águas e nossos peixes. O governador quer enfrentar o pobre, mas o bilionário da soja ele não enfrenta, tem medo. Esse projeto é indecente e não tem nosso apoio nem o do povo".
Robson Fraga
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os recados postados neste mural são de inteira responsabilidade do autor, os recados que não estiverem de acordo com as normas de éticas serão vetado por conter expressões ofensivas e/ou impróprias, denúncias sem provas e/ou de cunho pessoal ou por atingir a imagem de terceiros.