Doria disse que afirmações geraram mal-estar com principal fornecedor de matéria-prima.
O
Instituto Butantan afirmou nesta quinta-feira (6) que as declarações do
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com críticas à China afetam a liberação
de insumos pelas autoridades daquele país.
O governador João Doria (PSDB), em evento para liberação de lote de cerca de 1
milhão de doses da Coronavac, também disse que as afirmações geraram mal estar
na diplomacia chinesa.
Em um novo ataque à China, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu na quarta (5)
que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia e afirmou
que a Covid pode ter sido criada em laboratório -ecoando tese que não encontra
respaldo em investigação da OMS sobre as possíveis origens do vírus.
"Todas as declarações neste sentido têm repercussão. Nós já tivemos um
grande problema no começo do ano e estamos enfrentando de novo esse
problema", disse Dimas Covas, diretor do Butantan.
"Embora a embaixada da China no Brasil venha
dizendo que não há esse tipo de problema, mas a nossa sensação de quem está na ponta
é que existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que seria
habitual e com autorizações muito reduzidas".
Covas explicou que a próxima liberação de insumos teve a data de autorização
adiada do dia 10 para o dia 13. O volume inicial seria de 6 mil litros, agora a
expectativa é de 2 mil litros. Para ele, as mudanças não são da produção da
Sinovac e sim determinadas pelas autorizações das autoridades chinesas.
"Pode faltar [insumos]? Pode faltar. E aí nós temos que debitar isso principalmente
ao nosso governo federal que tem remado contra", disse Covas.
Ele
acrescentou ainda que há várias informações mentirosas e mirabolantes no
discurso do discurso do presidente, citando que teria havido uma fabricação do
vírus.
"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser
humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que
é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos
enfrentando uma nova guerra?", disse o presidente em evento no Palácio do
Planalto, em Brasília. "Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou
dizer para vocês."
O governador João Doria fez críticas à falta de diplomacia do governo
brasileiro em relação à China.
"Diante de uma pandemia, o insumo da principal vacina que vai no braço dos
brasileiros vem da China, o mal estar provocado por sucessivas declarações
desastrosas do ministro da Economia Paulo Guedes e agora do presidente da
República Jair Bolsona, e o Ministério das Relações Exteriores silencia. Que
Ministério das Relações Exteriores é esse que não faz relações positivas,
construtivas, com países, seja pela economia, seja pelo fato de que a China é a
principal provedora de insumos para as vacinas?", questionou o governador.
Midia News.
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