2021/03/01

Despejo de mais de 650 pessoas de comunidade em MT é denunciado por entidades

 

O Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciaram, nesta segunda-feira (1°), o despejo de mais de 650 pessoas, entre elas 100 crianças e 50 idosos, que vivem há cerca de 40 anos na Gleba Xavantinho, em Porto Alegre do Norte, região do Araguaia.

 

A decisão de despejo, em três dias, é do desembargador Rubens de Oliveira Santos Filho, após recurso de Agravo de Instrumento interposto pela empresa Agro Pastori Vitória. Na ação, a empresa diz ser dona da terra ocupada pelas famílias.

 

No entanto, as entidades apontam irregularidades na ação e pedem a suspensão da decisão neste período de pandemia da Covid-19.

 

O G1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

 

A reportagem tenta contato com a empresa Agro Pastori.

A disputa judicial é por uma área de 50.973 hectares, entre as margens esquerda do Rio Xavantinho e a margem direita do Rio Tapirapé. Conforme a denúncia, a empresa também alega ser dona de outras terras naquela região, como na Reserva Indígena Krenrehé.

 

Moradores bloqueiam ponte em manifestação contra despejo

Algumas posses foram comprovadas por vistoria realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) ainda em 1987. Em 1999, a empresa Agro Pastoril ajuizou uma ação possessória onde, inicialmente, conseguiu liminar para despejar alguns ocupantes da área.

 

 

“A empresa abandou o processo por quase duas décadas e, em 2015 resolveu novamente requerer o revigoramento da liminar para despejar as famílias, pedido este que foi negado pelo juízo da Vara Agrária”, explica as entidades.

 

Conforme a denúncia, mesmo com diversos pedidos e recursos em andamento, tanto em juízo de primeiro grau, quanto no TJMT, e mesmo recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e, principalmente, desconsiderando toda a situação da segunda onda de pandemia, as famílias já estão sendo notificadas para deixarem a área.

 

“As famílias, estão apreensivas em relação ao futuro com a iminência do despejo, pois serão obrigadas a deixar para trás o que levaram uma vida inteira para construir, há um clima tenso na área e as famílias tem enfrentado diversas formas de pressões e ameaças”, diz.

 

De acordo com a Pastoral, as famílias já notificadas estão formulando uma ação para que o despejo seja suspenso.

 

 G1 MT

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