“O
futebol americano me ajuda a enfrentar o câncer”, diz atleta
Ele
participará de Cuiabá Arsenal versus Rondonópolis Hawks, no dia 07 de maio,
pelo estadual, no mini estádio Professor Antônio Francisco Pereira Filho
(Prosol), em Cuiabá
Um dos jogadores do Cuiabá Arsenal,
Henrique Fernando Paim de Almeida, de apelido Câncer, descobriu ter leucemia
linfoide aos 23 anos. No primeiro momento se retraiu, se escondeu, se calou e
aceitou a morte. Mas, antes do intervalo de jogo, mudou de postura, buscou
tratamento e agora luta pela vida. Hoje, aos 27 anos, no 2º tempo da luta, após
4 anos de quimioterapia e ainda com outros três pela frente, já passou pelo
ápice da doença e promete vencê-la.
“Minha primeira reação ao descobrir a
doença foi de aceitar a morte. Passei dias e dias recluso sem qualquer
esperança de vida. Sem contato com pessoas. Nem mesmo contei para minha
família. Mas, em algum instante, não sei bem qual, consegui reagir ao tormento
da ideia de morte certa. E, sem saber na época, ali naquele minuto renascia
minha vida. Comecei a viajar, fazer aventuras e praticar futebol americano”,
conta o linebacker do Cuiabá Arsenal.
Henrique Fernando, formado em
Publicidade e Propaganda na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro),
no ano de 2010, uma instituição de ensino superior mantida pelo governo do
Paraná, nasceu e foi criado em Guarapuava (220km de Curitiba). Depois mudou-se
para Campo Grande (MS) em 2011, por conta de um romance com aquela que
futuramente seria esposa, lá namoraram, brigaram, se separaram, a leucemia foi
descoberta e reataram.
“Conheci Janaína numa viagem para
Campo Grande. Anos depois a reencontrei pela internet e passamos a conversar.
Até decidirmos que eu mudaria de Guarapuava para lá. Então mudei, ficamos
juntos por um tempo e, por alguma divergência, rompemos o namoro. E quando
estava sozinho descobri o câncer. Fiquei recluso no início, mas depois contei
para minha mãe, que veio visitar e deu de cúpido. Contou para Janaína, que se
aproximou para ajudar e reatamos”, lembra.
O tratamento quimioterápico teve
início logo após a descoberta, em 2012. Ele foi submetido a quimioterapia, um
tipo de tratamento médico que introduz compostos químicos na circulação
sanguínea, chamados quimioterápicos, para combater o câncer. Esses medicamentos
se misturam com o sangue e são levados para todas as partes do corpo,
destruindo as células doentes que estão formando o tumor e impedindo que se
espalhem pelo organismo.
“No início fazia quimio toda semana.
O cabelo caiu, perdi 30 quilos e sentia dores por todo corpo. Para todo lugar
que ia passava mal. Era comer num restaurante ou lanchonete para vomitar na
frente de todos. Fiquei depressivo. E, por causa da quimio, fui diagnosticado
como estéril. Não podia mais realizar o sonho de ter filhos. Não sei como minha
namorada permaneceu comigo. Até hoje ainda sinto muitas dores físicas”, comenta
o publicitário.
Mesmo com as sessões semanais de
quimioterapia, que deixam o paciente debilitado, Henrique começou uma jornada
pelo esporte. Chegou a saltar de paraquedas, mas o escolhido foi o futebol
americano. Entrou para o Campo Grande Predadores, equipe de futebol americano
de Mato Grosso do Sul, e chegava a ir aos treinos com máscara de proteção
pós-quimioterapia e curativos de soro. Foi quando os companheiros lhe
apelidaram de Câncer.
“Quando faço quimio fico cerca de
três dias ruim. Uma sensação horrível. Parece que os ossos do corpo pegam fogo.
Você vomita, fica fraco, tem náuseas, insônia, dor e tontura. E nem sempre pode
pegar folga do trabalho. Meu médico chegou a me receitar morfina para não
sentir tanta dor. Com o tempo acostumei e passei até a ir treinar mal mesmo. Os
outros jogadores ficavam preocupados. Mas acabaram por entender que eu
precisava daquilo”, disse.
Em 2015, ano repleto de boas
notícias, a doença teve o primeiro recuo, que permitiu diminuir a quantidade de
sessões de quimioterapia. Situação que acarretou em outra boa nova, com menos
medicamentos no sangue, Henrique, sem saber, voltou a ser fértil. Descobriram a
novidade quando Janaína percebeu estar grávida. Uma felicidade seguida por um
pedido de casamento. Depois mudaram, por oportunidades no mercado de trabalho,
para Cuiabá (MT).
“Foi um susto quando fiquei sabendo
que seria pai. Eu tinha ficado estéril. Como assim vou ter um filho? Pensei. A
gente nem mais se cuidava por causa disso. Então descobrimos que eu havia
voltado a produzir espermatozoide, por mais incrível que pareça. E casamos com
ela grávida ainda naquele ano, 2015. Hoje a bebê, de nome Yanni, está com dois
meses de idade. E ela será uma torcedora do Cuiabá Arsenal”, conta o guerreiro,
com largo sorriso no rosto.
Henrique se tornou membro da
Associação Atlética Cuiabá Arsenal (AACA) em 2015, logo após ter chego de
mudança de Campo Grande (MS). Foi treinado pelos técnicos do clube e, neste ano
de 2016, disputou a primeira partida como parte do plantel de atletas. Foi um
dos responsáveis pela vitória de 76 a zero contra o Tangará Taurus, na 1ª
rodada do Campeonato Mato-grossense de Futebol Americano. Segundo ele, mais um
sonho realizado com sucesso.
“Sempre tive o sonho de ser pai. Por
um tempo fiquei triste pensando que não seria. Mas a vida me trouxe a Yanni de
presente. Outro sonho era jogar pelo Cuiabá Arsenal. Lá em Campo Grande e no
Brasil todo, o Arsenal é visto como um exemplo que deve ser seguido. Tanto por
conta das realizações dentro do campo, quanto por causa das ações fora dele. É
um clube admirado, em que eu nem pensava um dia fazer parte. E hoje estou
aqui”, reflete.
O Cuiabá Arsenal disputará duas
competições na temporada deste ano. O 2º Campeonato Mato-grossense de Futebol
Americano, iniciado em abril e com finais previstas para junho, com mais quatro
times do interior. E o Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, de julho a
dezembro, com jogo de abertura na Arena Pantanal, contra Corinthians
Steamrollers, no dia 9 de julho. E Henrique estará na busca pelo bicampeonato
estadual e tricampeonato brasileiro.
“Tenho tudo que o esporte não precisa
que um atleta tenha. Tenho deficiência em conseguir massa muscular, uma fadiga
mais rápida e cicatrização demorada. Se me cortar posso ter hemorragia. Mas
tomei isso como desafio. Preciso me dedicar mais do que uma pessoa em condições
normais para ter os mesmos resultados. Por isso faço muita preparação física. E
essa busca, aliada com os vínculos de amizade entre jogadores, contribuem para
meu bem-estar”, acredita.
Henrique continua com as sessões
mensais de quimioterapia. E, neste ano, o tumor teve uma remissão, que é quando
a doença não demonstra mais sinais de atividade, mas isso ainda não é uma cura.
Ele segue com o tratamento até 2018.
(Junior Martins / Assessoria AACA)
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