Rabello quer pressionar Governo; discurso não tem ressonância entre membros do partido
LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O líder da bancada do PSD na Assembleia, deputado Walter Rabello
(PSD), sugeriu que o partido rompa com o Governo Silval Barbosa (PMDB),
em função do que classificou de "falta de avanços" na negociação com a
categoria dos professores, que está em greve desde 12 de agosto. DA REDAÇÃO
No entanto, sua sugestão não encontrou ressonância em outros membros do partido, nem mesmo no principal líder da sigla, o deputado José Riva.
Rabello afirmou, na tribuna da Assembleia, na manhã desta quinta-feira (12), que o PSD não pode se abster no caso da greve
"Se o governo não negociar com os professores, de modo a resolver a questão da greve na Educação, o PSD não pode ficar inerte. Vamos ter que sair do Governo. Eu vou encaminhar ao partido para deixarmos o Governo, se não houver entendimento com relação a essa greve”, afirmou Rabello.
"Se o Governo não
negociar com os professores, de modo a resolver a questão da greve na
Educação, o PSD não pode ficar inerte. Vamos ter que sair do Governo"
O deputado José Domingos Fraga (PSD) cobrou que o secretário de Estado de Educação, Ságuas Moraes (PT), se posicione sobre a questão e apresente uma proposta capaz de encerrar a greve.
“Exigimos diálogo e coerência de ambas as partes e um interlocutor. E esse interlocutor não pode ser o secretário de Fazenda [Marcel de Cursi]; tem que ser alguém da área, que conhece os problemas da categoria. Exigimos solução emergencial para o encerramento dessa greve”, disse.
O presidente da Assembleia, Romoaldo Junior (PMDB), saiu em defesa do Governo e disse que Silval Barbosa sentou à mesa de negociação com os professores, mas que, no momento, é impossível atender às reivindicações da categoria.
Sem respaldo
Ao MidiaNews, Riva se disse contra a pressão proposta por Rabello. "Essa proposta de rompimento não é uma posição do PSD. O Governo precisa resolver essa situação da greve, que está insustentável. Ma,s não é com ameaças que vamos conseguir isso. Não podemos sair dizendo que vamos sair do Governo, se o Governo não fizer isso ou aquilo", declarou.
O deputado Zé Domingos também foi contra a sugestão do líder da bancada. “Ruptura não é nosso desejo. Entendo a posição do deputado Walter, mas ele é um pouco enérgico, e rompimento não é o que buscamos”, disse.
O parlamentar criticou também o fato de o Governo ter entrado na Justiça para tornar a greve ilegal. O desembargador Marcos Machado entendeu que a greve era “abusiva” e ordenou que o Governo e o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) deem prosseguimento à negociação.
“Não dá para aceitar um Governo que entende que judicialização de greve é a solução. Claro que, se o governador e o secretário não resolverem o impasse com os professores, vamos procurar o Governo para cobrar uma solução. Mas, não vejo possibilidade de rompimento do partido com o Governo, porque entendo que o Governo está preocupado com a questão. Mas, tem que agir”, afirmou o parlamentar ao MidiaNews.
Essa não é a primeira vez que Walter Rabello propõe retirar o PSD da base aliada do governo Silval.
Em agosto passado, ele chegou a articular a formação de um "bloco independente", que contaria com pelo menos 10 deputados, e teria a liberdade para votar de forma divergente da vontade do Governo.
Porém, ele foi “enquadrado” por José Riva, e a discussão foi abandonada.
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