2012/12/10

Moradores cumprem promessa e entram em duro confronto com policiais em Suiá Missú


Dito e feito. Os moradores do distrito de Estrela do Araguaia entraram em um intenso confronto com a Força Nacional e com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no início da tarde desta segunda-feira (10) para defender o primeiro fazendeiro que estava sendo alvo da desintrusão. A “guerra” foi travada com pedras e armamento não-letal. Manifestantes e policiais acabaram feridos.

A ação das forças policiais estava tranquila até o momento em que sete caminhonetes e carros lotados de moradores chegaram ao local. Dentre as pessoas que partiram para o confronto com as autoridades estavam idosos e crianças. Muitos partiram do distrito assim que a notícia se espalhou e foram cumprir a promessa de defender as terras de que estão sendo despejados mesmo perante a truculência No momento da chegada dos manifestantes, oito policiais conduziam a operação. Os moradores revoltados invadiram a fazenda a seis quilômetros do distrito e chamaram os policiais para a briga. “Só saímos daqui mortos”, declaravam.

Em desvantagem numérica, os policias conseguiram reverter a situação rapidamente e encurralaram os manifestantes. Os moradores de Suiá Missú dispararam pedra contras as viaturas e contra os policiais, que responderam com bombas de feito moral e balas de borracha. Enquanto a ação se desenrolava, o telefone da sede da associação dos produtores locais não parava de tocar com ligações de toda parte da gleba e de familiares em outras regiões do EstadoEstima-se que cerca de 70 pessoas se envolveram no confronto. A pastora Irene Maria da Rocha sentou-se em frente à fazenda e acabou passando mal. Só após uma trégua no embate ela pôde ser resgatada.

Por telefone, o pecuarista dono da fazenda palco do confronto Antônio Mamed Jordão, o ‘Alemão’, de 64 anos, relatou que as viaturas da Força Nacional chegaram por volta de meio-dia acompanhados da PRF e de um helicóptero sobrevoando a área. O helicóptero levou o oficial de Justiça responsável por conduzir a execução do despejo dos ocupantes e dos bens presentes nos 999 hectares de terra que Alemão detém, com escritura, há 14 anos.

Antes da manhã desta segunda-feira, Alemão já tinha conseguido retirar cerca de mil cabeças de gado da propriedade. Restaram aproximadamente 200, que devem ficar sem rumo. Os homens da Força Nacional vistoriaram toda a propriedade e fizeram um levantamento dos bens, mas mantiveram o dono da propriedade ilhado dentro da sede da fazenda.

“Eu tô passando mal, eu tô para ter um infarto aqui. Nesses 14 anos de trabalho nunca fui tão humilhado na minha vida”, declarou, desesperado, antes de desligar o telefone para falar com um dos soldados que dominaram sua casa.
 Da Reportagem local - Lucas Bólico e Renê Dióz - enviado especial a Estrela do Araguaia (Posto da Mata)


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