2012/11/13

Três mil índios ameaçam invadir Alta Floresta em atitude de vingança

O ataque seria uma retaliação pelo confronto na aldeia no úlitmo dia 07.11; um índio morreu e dois agentes da policia Federal e dois índios ficaram feridos

Três mil índios da etnia Munduruku ameaçam invadir Alta Florenta (800 km de Cuiabá), neste fim de semana. A informação de que os índios estão se preparando para atacar a cidade chegou até a Polícia Federal, na noite de ontem (9). Cerca de 100 homens, entre agentes da PF, militares e civis foram mobilizados para "guardar" cidade.

Após ser ferido por um federal durante o confronto durante a explosão de uma balsa, o índio Adenilson Crishi Munduruku, foi encontrado morto 24h depois no Rio Teles Pires. Os índios enfrentaram atirando e flechando nos policiais.

Segundo o superintendente da Polícia Federal no Estado, César Augusto Martinez, índios representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), passaram a informação de uma ameaça de invasão para os federais, que já se preparam para a defesa da cidade, e não negam o clima de tensão existente na região. “Não foi confirmada a invasão, mesmo assim federais vão permanecer no local, pois não podemos ignorar ameaças”, afirmou.

O superintendente disse ainda que o conflito ocorrido na última quarta-feira (07.11), não era esperado, mas os agentes foram surpreendidos por cerca de 60 índios com arcos e flechas e armas de fogo. Martinez contou que no dia anterior, os federais haviam conversado durante toda a tarde com os índios e com a Funai.

Segundo as investigações, cada balsa explodida pelos federais, dava um lucro de R$ 30 mil aos índios, com a extração ilegal de ouro. No local, a polícia encontrou 16 balsas, ao ver a detonação, os índios não resistiram e partiram para atacar os policiais. O delegado garante ainda que, mesmo com o confronto, a Operação Eldorado foi bem sucedida.

OPERAÇÃO ELDORADO

O objetivo da operação era desarticular organização criminosa dedicada à extração ilegal de ouro em terras indígenas Kayabi e garimpos ilegais na região do rio Teles Pires, estado de Mato Grosso para posterior comercialização no Sistema Financeiro Nacional (SFN).

A operação consistiu no cumprimento de 28 mandados de prisão temporária, oito mandados de condução coercitiva e 64 mandados de busca e apreensão, os quais foram cumpridos nos estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

As investigações, que tiveram início em fevereiro deste ano, verificaram que o ouro extraído das áreas indígenas e dos garimpos ilegais, era adquirido por empresas Distribuidoras de Títulos de Valores Mobiliários – DTVM's e, após dissimular a origem, era vendido como ativo financeiro para investidores em São Paulo. Em dez meses de investigação, foi possível constatar que uma das empresas distribuidoras, das três envolvidas no esquema, movimentou mais de R$ 150 milhões.

O ouro era extraído através de balsas garimpeiras ilegais. No total, cada balsa rendia um valor de R$ 500 mil por mês, totalizando R$ 84 milhões ao ano. Cada balsa pagaria aos índios da aldeia o valor de R$ 30 mil, totalizando a quantia de R$ 420 mil mensalmente. Por determinação judicial, foi iniciado o trabalho de inutilização das mencionadas balsas na terça-feira, 06/11.

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