Pescadores profissionais e
artesanais reclamam da falta de políticas públicas
Entidades representativas do
setor se reuniram com o deputado Wilson Santos
O deputado Wilson Santos (PSDB)
recebeu, na Assembleia Legislativa, um grupo de pescadores artesanais, nesta
terça-feira (10), que reclamam da ausência de políticas públicas de incentivo
ao setor pesqueiro em Mato Grosso. Eles alegam que a postura do Governo
Estadual demonstra "tratamentos diferenciados em relação a outros setores
econômicos, desrespeitos e injustiças” contra as comunidades tradicionais
provocadas pelo hidronegócio, aquicultura e turismo, atividades que excluem
pescadores profissionais e amadores.
Apoiados pela Federação dos
Pescadores e Aquicultores do Estado de Mato Grosso (Fepesc/MT), pelo Fórum
Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc),
colônias de pescadores e ONGs, os pescadores pediram respostas sobre os
impactos socioambientais decorrentes da construção de Pequenas Centrais
Hidrelétricas – PCHs no rio Cuiabá e demais rios da Bacia do Alto Paraguai e
sobre o fechamento da pesca nos rios Cuiabazinho e Manso. Eles entregaram
um manifesto ao parlamentar.
Eles também criticaram o
licenciamento, pela Sema, para a construção de um porto no rio Paraguai,
“retomando o velho e requentado projeto de Hidrovia, já proibido duas vezes
pelo Governo Federal (1996 e 2000)”.
Sobre a pesca, Wilson Santos
explicou que por força da na lei 11.676/2022, a pesca no Rio Cuaiabazinho
está liberada em toda sua extensão e que no Rio Manso a atividade pode ocorrer
normalmente a partir de 3 km da barragem da usina. A lei, de autoria de
lideranças partidárias, foi sancionada no dia 2 de fevereiro pelo governador
Mauro Mendes (DEM). Sobre o porto, o parlamentar já acionou a SEMA cobrando
explicações.
"Foi uma luta árdua, mas
conseguimos devolver a vocês o direito de retirarem dos rios o sustento de suas
famílias. Há sete meses, uma lei do deputado Max Russi (PSB), estava em vigor
proibindo a pesca sob o argumento da necessidade de criação de um sítio
pesqueiro que beneficiava apenas a pesca esportiva. Lutamos muito e conseguimos
convencer outros parlamentares a assinarem a nova lei para devolver aos
pescadores profissionais e artesanais o direito ao próprio sustento e ao
lazer”, disse o deputado.
O parlamentar é crítico ferrenho
à abertura de Pequenas Usinas Hidrelétricas (PDCHs) nos rios que compõem a
Bacia do Paraguai sob o pano de fundo da necessidade de geração de energia
elétrica. Wilson defende a mudança de matriz energética para o uso da energia
solar. Aliás, energia limpa, que não agride o meio ambiente e de forte
potencial em Mato Grosso.
Wilson disse que está deixando
as Comissões de Educação, Ciência, Tecnologia e Desporto, e também de
Constituição de Justiça e Redação (CCJR) para fazer da Comissão de Meio
Ambiente. Ele discorda do trabalho que vem sendo desenvolvido sob a gestão do
deputado Carlos Avallone (PSDB) e disse “que é preciso pôr freio nestas medidas
descabidas’.
"Já existem 133 pedidos de
aprovação para abertura de novas pequenas usinas hidrelétricas (PCHs) na bacia
do Paraguai. Com as 50 que já foram aprovadas, chegaremos a 183. Isso é
inadmissível. Querem matar o Rio Cuiabá e não podemos permitir isso. Quero
ir para o Meio Ambiente porque a Comissão precisa ter um freio. O que está
acontecendo ali é inacreditável. Está mais para Comissão de Destruição do Meio
Ambiente do que Comissão de proteção do Meio Ambiente", explicou.
O parlamentar também criticou o
Projeto de Lei (PL) 03/2022 que autoriza o plantio de soja no Pantanal
mato-grossense. Outra queixa dos pescadores artesanais.
“No último dia 02 de fevereiro
celebrou-se o Dia Mundial das Áreas Úmidas, uma data emblemática para os que
lutam e sonham com a conservação do Pantanal uma das maiores áreas úmidas do
mundo, que conta com determinação constitucional para sua conservação para as
gerações atuais e futuras”, diz trecho do manifesto.
“Não dá para aceitar projetos que
avancem sob APP [área de preservação permanente], Reservas Legais, projetos que
autorizem o plantio de soja e algodão dentro da planície alagada do Pantanal,
não dá para aceitar esse tipo de coisa. Projetos que precisam avançar estão há
dois anos engavetados, desrespeitando todo o rito regimental da Casa”, disse o
parlamentar.
A bióloga e ecóloga, Luciana
Ferraz, que articulou a reunião, a classificou como “produtiva e democrática”.
Robson Fraga
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