2021/02/24

PF investiga caixa 2 de campanha de dois deputados e ex-deputados de MT citados em delação

 

Um inquérito da Polícia Federal investiga os deputados estaduais Wilson Santos, Carlos Avallone, ambos do PSDB, o ex-deputado federal Nilson Leitão e o ex-deputado Guilherme Maluf, atual conselheiro do TCE-MT, por caixa 2 na campanha eleitoral de 2014. Em janeiro, o prazo para a conclusão da investigação foi prorrogado por 90 dias.

 

O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) disse, em nota, que "pauta sua carreira política pela lisura, transparência e legalidade dos seus atos, declarando todas as despesas de campanha oficialmente à Justiça Eleitoral".

 

"A maior prova disso é que jamais houve qualquer denúncia oferecida pelo Ministério Público Eleitoral por despesas irregulares. Todas as contas de campanha foram devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral sem qualquer ressalva", diz.

 

Guilherme Maluf informou pela assessoria que só irá se manifestar nos autos.

 

A reportagem também entrou com Nilson Leitão e Carlos Avalone, mas eles não deram retorno até a publicação desta matéria.

 

O inquérito foi instaurado em 2019 pela PF, a partir da delação do ex-secretário de estado Permínio Pinto, o qual afirmou ter recebido em sua conta bancária o valor de R$ 175 mil para distribuir aos candidatos do partido, a pedido do então deputado federal Nilson Leitão, que era presidente do diretório estadual do partido. Segundo ele, os valores não foram declarados à Justiça Eleitoral.

 

 

Esses recursos citados teriam sido doados por uma editora de livros.

 

À época, Permínio trabalhava no gabinete de Nilson Leitão em Brasília. Ele declarou à Justiça que por várias vezes emprestou a conta bancária dele para movimentar dinheiro de propina e caixa dois, a mando do então parlamentar.

 

Com a prorrogação, o inquérito deve ser concluído até o final de abril.

 

Na eleição de 2014, Nilson Leitão disputava vaga no Senado e Wilson Santos, Carlos Avalone e Guilherme Maluf, de deputado estadual.

 

A investigação é uma das muitas abertas com base da delação de Permínio, que à época trabalhava como assessor parlamentar de Nilson Leitão e no ano seguinte virou secretário estadual de Educação do governo Pedro Taques.

 

O documento tem 176 páginas. O inquérito tramita em sigilo.

 

Segundo Permínio, Nilson Leitão teria revelado que a mesma editora teria doado recursos não contabilizados para a campanha do ex-governador Pedro Taques (PSDB), por meio do primo dele Paulo Taques, ex-secretário chefe da Casa Civil.

 

Ex-secretário de Educação do governo Pedro Taques, Permínio foi preso em 2016 pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), durante a Operação Rêmora, que investigou desvio de verba da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), por meio de fraudes em licitações para obras de construção e reforma de escolas.

 

Além dele, dois funcionários públicos e três empresários acusados de participação no esquema foram presos.

 

Leitão tentou vaga de senador nas duas últimas eleições e não foi eleito.

 

Depois de fazer acordo de delação premiada, o ex-secretário deu detalhes da fraude na Seduc. Afirmou, por exemplo, que o empresário Alan Malouf, um dos presos na operação, investiu R$ 10 milhões na campanha de Pedro Taques e que, posteriormente, no primeiro ano de governo, foi montado um esquema na Seduc com o objetivo de arrecadar fundos ilícitos para saldar as dívidas da campanha com esses investidores.

 

 

Ele também contou que foi nomeado secretário para atender interesses de Nilson Leitão, que o indicou ao cargo, e de outros políticos. A missão seria ajudar a desviar dinheiro da Seduc para o pagamento de dívidas de campanha e despesas pessoais.

 

Ele passou cinco meses preso e a delação dele firmada com o Ministério Público Federal, que resultou na abertura de vários inquéritos, no entanto, só foi homologada em 2018 pelo Supremo Tribunal Federal.

 G1 MT

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