A pensão recebida por Madalena
Gordiano, mantida em condição análoga à escravidão por 38 anos em Minas Gerais,
financiou curso de medicina e a vida da família Milagres Rigueira durante 17
anos, segundo informações prestadas por auditores fiscais do caso.
Madalena tem uma renda de R$ 8,4
mil oriunda de um casamento com um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, mas
jamais teve controle do dinheiro, que era administrado por Maria das Graças
Milagres Rigueira e o filho, Dalton César Milagres Rigueira, segundo apontam as
investigações.
Advogado da família Milagres
Rigueira, Brian Epstein disse em nota que ainda não teve acesso aos autos do
processo. O defensor também disse que os familiares “estão abalados pelo
acontecimento e preferem se manter em silêncio”.
Casada em 2001 com Marino Lopes
da Costa, – tio de Valdirene Lopes da Costa, esposa de Dalton -, Madalena recebe
duas pensões desde 2003, quando o marido morreu aos 80 anos de idade.
O matrimônio foi alvo de denúncia
em 2008, porém o processo foi encerrado em 2015 por falta de provas, apesar de
“fortes indícios de ocultação do fato”.
Já ciente da saúde debilitada do
tio de Valdirene por conta da idade, Maria das Graças teria organizado o
casamento de Madalena para que o dinheiro da pensão pudesse pagar a faculdade
da filha Vanessa Maria Milagres Rigueira, formada em 2007 pela Faculdade de
Medicina de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Quando Vanessa estava
praticamente formada, Dalton passou a administrar o dinheiro de Madalena e se
mudou ao receber uma proposta para dar aula em uma universidade de Patos de
Minas (MG) em dezembro de 2006.
No depoimento dado ao MPT
(Ministério Público do Trabalho) obtido pelo UOL, Dalton declarou ter uma renda
de R$ 10 mil como professor universitário e mais R$ 1,3 mil do aluguel de dois
imóveis. Ele ainda fez dois empréstimos consignados no nome de Madalena, com
dívida restante de R$ 18,5 mil no Banco do Brasil, segundo apurou a reportagem.
DE acordo com o MPT, a renda da
família, sem a pensão de Madalena, é incompatível para quem tem um imóvel de
quatro quartos financiado na área mais nobre de Patos, com parcelas de R$ 1,7
mil, e paga faculdade para duas filhas, uma delas estudante de medicina em
Uberaba, com mensalidade de R$ 6,8 mil.
Dalton se defendeu das acusações
e disse que a irmã Vanessa ajuda a pagar a mensalidade de Raíssa, que, segundo
colegas de sala, era frequentemente vista nos melhores restaurantes da cidade e
gostava de mostrar o padrão de vida nas redes sociais.
Mesmo com uma renda superior a R$
11 mil, a família de Dalton recorreu ao auxílio emergencial e teve três pedidos
aceitos pelo governo federal. Valdirene e as filhas Bianca e Raíssa receberam
cinco parcelas de R$ 600 e uma de R$ 300, totalizando R$ 3,3 mil para cada uma.
O benefício dado contraria aos
princípios do programa social, que não prevê liberação a quem tenha renda
familiar superior a três salários mínimos (R$ 3,135 mil).
MT é Notícia
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