Jogo consiste em desafios, entre
eles, mutilação e suicídio. Vítimas são aliciadas pelas redes sociais. Uma
delas é uma garota do Pará, de 18 anos.
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A primeira pessoa a ser presa
acusada de atuar como "curador" do jogo Baleia Azul foi preso no
interior do Maranhão e trazido para Belém, capital do estado do Pará, na noite
de quinta-feira (29). Segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (30)
pela Polícia Civil, ele teve mandado de prisão preventiva decretado pela
Justiça paraense após ser identificado como intermediador do Grupo "Blue
Whale", página no Facebook que era usada para orientar crianças e
adolescentes a cumprirem o jogo que conta com uma série de desafios, desde a
mutilação do próprio corpo com cortes e até provas que podem levar ao suicídio.
O crime tem duas penas previstas.
Uma delas é de 1 a 3 anos, caso resulte em lesão corporal da vítima, ou de 2 a
6 anos, caso resulte na morte. Após prestar depoimento, o preso foi conduzido
para o Sistema Penitenciário para ficar recolhido à disposição da Justiça.
A operação "Blue Whale"
foi deflagrada por policiais civis da Divisão de Prevenção e Repressão a Crimes
Tecnológicos (DPRCT) do Pará, na zona rural do município de Bequimão, a 77
quilômetros de São Luís, capital do Maranhão. No local, foi preso o estudante
maranhense Jardson Cantanhede Amorim, 19 anos. Ele foi trazido a Belém e
prestou depoimento nesta sexta-feira, na sede da DPRCT, no bairro do Telégrafo,
pela delegada Vanessa Lee.
Vítimas
Segundo a delegada, até o
momento, duas vítimas já foram identificadas. Uma delas é uma jovem de 18 anos,
moradora em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, que chegou a cortar
as mãos e braços durante os desafios. A outra vítima é uma jovem que mora em
Portugal, que também se lesionou com cortes. Ouvido em depoimento, o preso
negou ser curador do jogo da Baleia Azul. As investigações foram iniciadas há
três meses, após a mãe da jovem de 18 anos ter procurado inicialmente a
Seccional Urbana de Ananindeua, de onde foi encaminhada para a DPRCT, em Belém.
Ouvida pela delegada Vanessa Lee, a mãe da jovem informou que a filha estava
cumprindo desafios do chamado jogo da Baleia Azul e que chegou a cortar o
próprio corpo com uma navalha para cumprir as provas repassadas em uma página
na rede social Facebook.
Após ouvir os depoimentos, a
delegada apurou, na época, que a página possuía mais de um curador do jogo. Um
deles, que seria o maranhense, explica a delegada, efetuou o aliciamento da
vítima paraense pelo Facebook, por meio de um perfil falso e, posteriormente,
enviou um convite para a vítima para participar do grupo. Os jovens eram
orientados a acessar uma outra rede social de origem russa denominada
"VK". Segundo informações coletadas na rede mundial de computadores,
além do Pará, ocorreram casos semelhantes nos estados do Mato Grosso e Minas
Gerais. Ao todo, as investigações identificaram no grupo um total de 88
participantes, mas o número de pessoas com as quais ele se comunicou nas redes
sociais não pode ser mMutilação
As investigações realizadas
mostraram que os criminosos, através da internet, cooptaram crianças e
adolescentes, em geral, fragilizados emocionalmente por traumas e em estados
depressivos, por problemas familiares, a participarem dos jogos.
"Facilmente, elas foram impressionadas pelas exigências e orientadas a realizarem
as tarefas, caso contrário eram ameaçadas ou tinha os familiares
ameaçados", explica. A dinâmica do jogo começava por links contidos em
grupos no Facebook, os quais redirecionam os jovens para a rede social russa.
Depois, os adolescentes eram selecionados a participar do jogo e a cumprir 50
desafios. Neste jogo, detalha a delegada, o "curador" convidava os
jovens para o jogo e enviava os desafios a serem cumpridos por meio de um
bate-papo.
Nas conversas, os jovens eram
instigados a pegar uma navalha ou faca e riscar a palma da mão com uma
numeração fornecida pelo "curador". Depois, tinham que enviar a foto
da mão para mostrar que haviam cumprido a prova para poder passar para a
próxima prova.
Investigações
A equipe policial da DPRCT
efetuou a identificação de IPs e de dados telemáticos para localizar e
identificar o endereço do "curador" responsável pelo jogo. Jardson
Amorim foi preso na casa onde mora com os pais, em uma comunidade rural, no interior
do município maranhense. No local, detalha a delegada, o acusado acessava a
internet por meio do telefone celular. Para realizar as investigações, a equipe
policial da DPRCT contou com apoio da Coordenação Geral de Inteligência (CGI)
da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), por meio do programa
Cyberlab.
As investigações resultaram na
decretação de mandados judiciais pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Ananindeua
no Pará. A operação policial no Maranhão, que foi coordenada pela delegada
Karina Campelo, da DPRCT, foi realizada em conjunto com a equipe de policiais
civis da Delegacia de Bequimão coordenada pela delegada titular do município
maranhense, Martha Dayanne. O preso vai responder pelo crime previsto no artigo
122, do Código Penal, por induzimento, instigação ou auxílio ao suicídO preso é
natural de Bequimão e morador de uma localidade do interior deste município
chamada Cumbila. Esse fato chamou a atenção dos policiais civis. "O local
simples não impediu que aspectos negativos propiciados pelos avanços das
tecnologias da informação, a exemplo da internet, propiciem aos criminosos
revelar a extrema crueldade que um ser humano pode cometer se escondendo
através de um perfil falso nas redes sociais, de forma a lhe garantir
"anonimato" e, assim, orientar jovens a se mutilarem fisicamente e
psicologicamente para depois subtraírem sua vida", ressalta a delegada
Vanessa Lee.
Fonte: G1 PA
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