No acumulado deste ano, resultado
negativo soma R$ 15,63 bilhões, informou o BC. Com resultado ruim, dívida bruta
avançou para 72,5% do PIB, novo recorde.
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As contas do setor público
consolidado, que englobam o governo federal, os estados, municípios e as empresas
estatais, registraram um déficit primário de R$ 30,73 bilhões em maio, informou
o Banco Central nesta sexta-feira (30).
Isso significa que as despesas
superaram as receitas com impostos no mês passado, na conta que não considera
os gastos com pagamento de juros da dívida pública.
Este foi o pior resultado para
meses de maio desde o início da série histórica do Banco Central, em dezembro
de 2001. No mesmo mês do ano passado, o déficit das contas do setor público
consolidado foi bem menor: de R$ 18,12 bilhões.
Ao decompor as contas do setor
público consolidado em maio, temos os seguintes resultados:
O governo federal apresentou um
resultado negativo (déficit) de R$ 32,1 bilhões;
Já os estados e municípios,
registraram superávit primário, ou seja, resultado positivo (receitas maiores
que despesas) de R$ 894 milhões;
As empresas estatais também
tiveram resultado positivo, de R$ 475 milhões;
Acumulado do ano e 12 meses
Os dados do BC mostram que, no
acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, as contas do setor público
consolidado registraram déficit, ou seja, também foram negativas, em R$ 15,63
bilhões.
Com isso, as contas registraram
piora frente ao mesmo período do ano passado, quando o déficit primário foi de
R$ 13,71 bilhões.
Nos quatro primeiros meses do ano
houve superávit nessa conta, por isso o resultado negativo, no acumulado do
ano, é menor que o de maio sozinho.
Já no acumulado de doze meses até
maio, as contas do setor público ficaram fortemente no vermelho. Foi registrado
um rombo fiscal de R$ 157,7 bilhões no período - o equivalente a R$ 2,47% do
Produto Interno Bruto (PIB).
Após pagamento de juros
Quando se incorporam os juros da
dívida pública na conta, no conceito conhecido no mercado como resultado
nominal, utilizado para comparação internacional, houve um resultado negativo
de R$ 66,98 bilhões em maio e de R$ 190,7 bilhões nos cinco primeiros meses do
ano (7,22% do PIB).
Em 12 meses até maio deste ano, o
rombo fiscal somou R$ 588,6 bilhões, o equivalente 9,22% do PIB - valor elevado
para padrões internacionais e, também, para economias emergentes.
Esse número é acompanhado com
atenção pelas agências de classificação de risco para a definição da nota de
crédito dos países, indicador levado em consideração por investidores.
O resultado nominal das contas do
setor público sofre impacto dos juros básicos da economia (taxa Selic), fixados
pelo Banco Central para conter a inflação. Atualmente, a Selic está em 10,25%
ao ano e o Brasil está em segundo lugar no ranking mundial dos maiores juros
reais (após descontada a inflação).
Em maio, o BC registrou ainda
perdas com os contratos de swaps cambiais – que são incorporadas aos juros da
dívida pública. No mês passado, esse prejuízo somou R$ 614 milhões. O BC ganha
com as intervenções no câmbio quando o dólar cai, e vice versa.
O pagamento de juros nominais
somou R$ 36,25 bilhões em maio deste ano, R$ 175 bilhões no acumulado de 2017 e
R$ 430,89 bilhões em doze meses até maio deste ano (6,75% do PIB).
Dívidas líquida e bruta
Segundo números do Banco Central,
a dívida líquida do setor público (governo, estados, municípios e empresas
estatais) avançou para R$ 3,07 trilhões em maio, ou 48,1% do PIB, contra R$
3,02 trilhões, ou 47,4% do PIB, em abril.
A dívida líquida considera os
ativos do país como, por exemplo, as reservas internacionais – atualmente ao
redor de US$ 370 bilhões.
No caso da dívida bruta do setor
público, uma das principais formas de comparação internacional (que não
considera os ativos dos países, como as reservas cambiais), o endividamento
brasileiro também cresceu. Esse indicador é acompanhado mais atentamente pelas
agências de classificação de risco.
Em abril de 2017, a dívida bruta
estava em 71,3% do PIB (R$ 4,54 trilhões), e avançou para 72,5% do Produto
Interno Bruto, ou R$ 4,63 trilhões, em maio deste ano - novo recorde da série
histórica, que começa em dezembro de 2006.
Meta fiscal
Para todo ano de 2017, o objetivo
foi fixado em um déficit primário (despesas maiores do que receitas, sem contar
os juros da dívida pública) de até R$ 143,1 bilhões para as contas do setor
público consolidado.
No ano passado, o rombo fiscal
somou R$ 155,7 bilhões, o maior da história. Em 2015, o déficit fiscal
totalizou R$ 111,24 bilhões. A consequência de as contas públicas registrarem
déficits fiscais seguidos é a piora da dívida pública e mais pressões
inflacionárias.
Para tentar fechar as contas neste
ano, o governo anunciou em março alta da tributação sobre a folha de pagamentos
e a instituição do IOF para cooperativas, além do bloqueio R$ 42,1 bilhões em
gastos públicos. Recentemente, liberou R$ 3,1 bilhões em gastos, revertendo
parte do bloqueio.
Nesta quinta-feira, o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o governo elevará impostos, se
verificar que a medida é necessária para o cumprimento da meta fiscal neste
ano. Ele disse, porém, que essa decisão ainda não foi tomada.
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