Quando um idoso disse que tinha sido assaltado por ele, os homens
colocaram gasolina na cabeça de Bernal e acenderam o isqueiro. As informações
são da agência de notícias “Associated Press”.
“Queríamos ensinar a este homem uma lição. Estamos cansados de sermos
roubados cada vez que vamos para a rua, e a polícia não faz nada”, disse
Eduardo Mijares, de 29 anos. Segundo a família, Bernal era um homem tranquilo e
passou os dias antes de sua morte cozinhando como gostava. Ele frequentava a
igreja local, e já tinha trabalhado no Exército como cozinheiro.
Naquela manhã, ele deixou o barraco da família para procurar emprego.
Ele deixou a filha na escola e embarcou no metrô. Saiu num bairro de classe
média, e, quando se sentou num banco, viu um homem de 70 anos colocando um
pilha de notas equivalentes a 5 dólares (R$ 20) num chapéu. Ele pegou o chapéu,
escondeu na jaqueta e fugiu passando por um ponto de mototáxi.
Provavelmente seguiria para um supermercado onde compraria comida.
De acordo com a reportagem da “AP”, o homem o perseguiu, gritando
"ladrão!". Quando o espancamento começou, muitas pessoas fugiram
temendo o que aconteceria, mas uma multidão apoiou a ação.
Ele provavelmente teria morrido queimado no local, mas foi socorrido
pelo pastor Alejandro Delgado, que trabalha como mototaxista. O pastor apagou
as chamas, e Bernal foi socorrido.
“Esses caras com quem trabalho todos os dias tinham se transformado em
demônios. Eu podia ouvir a carne do homem queimando e estalando. Quando eu
apaguei o fogo, eles atiraram garrafas na minha cabeça”, contou à “AP”.
Bernal foi socorrido, e quando a esposa Argelia Gamboa chegou ao
hospital não o reconheceu. Ele morreu no dia seguinte ao linchamento.
Violência aumentou no país
Segundo a “AP”, o Ministério Público abriu 74 investigações sobre
assassinatos nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com dois em
todo o ano passado. A Venezuela tem agora uma das maiores taxas de homicídio do
mundo, e é difícil encontrar uma pessoa que não tenha sido assaltada.
“A vida aqui se tornou uma miséria. Você anda sempre estressado, sempre
com medo, e o linchamento oferece uma catarse coletiva. Você não pode fazer
nada sobre as filas ou a inflação, mas por um momento, pelo menos, a multidão
parece que estar fazendo a diferença”, disse o diretor do Observatório da
Violência Roberto Briceño-Leon.
Fonte: Extra
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