2014/01/17

Crianças ficavam horas de castigo sem água ou banheiro, diz denúncia

Pais de alunos estão revoltados com o tratamento dado às crianças no Centro da Juventude do bairro Cidade Aracy, em São Carlos (SP). Segundo a denúncia do ex-chefe da Divisão de Infância e Juventude, Leandro Amaral, as crianças passaram horas de castigo sem poder beber água ou ir ao banheiro. Vídeos publicados em uma rede social mostram as punições e também os alagamentos causados pela chuva no local. A Prefeitura informou que abriu uma sindicância para apurar os fatos.
Os vídeos que circulam pela internet foram feitos por Amaral entre maio e dezembro do ano passado. As imagens mostram crianças sentadas em bancos do Centro, que recebe os alunos provisoriamente desde que da escola do Jardim Zavaglia foi demolida.
Vídeo mostra criança em castigo em escola de São Carlos (Foto: Reprodução/EPTV) Reprodução/EPTV)
Sem água e sem banheiro
Um aluno de 6 anos disse que não podia sair do castigo. “Sem beber água e sem comer. Fiquei três horas, porque não fiz a lição de casa”, afirmou.
Um outro estudante de 9 anos contou que não adiantava nem reclamar. “Falavam que era para fazer na calça. Se tivesse muito apertado, que fizesse lá mesmo”, disse.
Em outro trecho do vídeo, é possível ver alagamento na saída da aula, outra situação que revolta os pais. Segundo eles, os professores sabem do problema e até orientam. “Os professores mesmo avisavam que, quando estava formando tempo de chuva, não era para levar para a escola, porque ia chover e não ia ter onde as crianças ficarem”, afirmou uma mãe que preferiu não se identificar.
Outra mãe afirmou que, por tomar chuva na escola, o filho voltou doente para casa. “Uma vez ele tomou muita chuva, ninguém me ligou e ele acabou ficando até o final da aula. Ele ficou doente, adoeceu nesse dia”, disse.
Denúncia sem retorno
O ex-chefe da Divisão de Infância e Juventude disse que divulgou o vídeo depois de ter feito a denúncia para a Prefeitura. “No dia 7 de novembro foi marcada uma reunião com o prefeito e eu levei tudo para ele. Não só o caso das crianças, como a infraestrutura, o alagamento que eu presencie três vezes. Se passaram dois meses e foi um tempo bom para tomarem uma atitude ou darem uma resposta, mas não foi feito nada disso”, explicou.
O caso chegou até o Conselho Tutelar, que agora vai apurar a denúncia. Os conselheiros vão avaliar as imagens para dizer se houve violação dos direitos das crianças. A suspensão de aulas por causa das chuvas também será analisada. “Nós vamos encaminhar ofício ao Ministério Público, à Secretaria Municipal de Educação, à Secretaria Municipal da Infância e Juventude e ao Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, para que sejam feitas reuniões e investigações a respeito do caso”, disse o conselheiro tutelar Marcos da Fonseca.
Em nota, a Prefeitura informou que abriu sindicância para apurar os castigos, mas que tem confiança nos profissionais da educação.
 G1 São Carlos e Araraquara

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