2023/02/06

PM agiu em legítima defesa e há excludente de ilicitude, opina advogado


O advogado Marciano Xavier das Neves, de longa experiência na Justiça Militar, opinou que há excludente de ilicitude na ação dos policiais militares que resultou na morte de Diego Kaliniski, de 27 anos. Para o jurista, com base nas informações preliminares que circulam na imprensa, o caso deveria ser arquivado por se tratar de legítima defesa.

 

O excludente de ilicitude extingue a possibilidade de culpa em crimes, como no homicídio. O rapaz foi morto durante uma confusão que se iniciou com uma ocorrência por perturbação do sossego com som alto. Marciano, contudo, esclarece que a situação se tornou complexa e escalou com rapidez, pelo que se vê dos vídeos gravados no local.

 

"Acontece o seguinte: o policial não chega atirando, ele parte para aquela situação depois. Outro policial já tinha dado tiro e não foi suficiente para parar o indivíduo. O policial foi agredido primeiro, e para mim há excludente de ilicitude. A ação foi feita em legítima defesa própria, para repelir uma agressão injusta, atual ou iminente. E ali era atual a agressão atual, o homem investiu contra o policial, tomou o cacetete, o proximo artefato qual seria? A arma", afirma o advogado ao Midiajur.

 

Marciano pontua que nesse tipo de situação, à medida que o agressor investe contra o agente público, ele ganha força. Assim, depois de tomar o cacetete, o homem poderia tomar a arma do policial e fazer o próprio militar de vítima, ou ainda outras pessoas ao redor da confusão.

 

"Se tomasse a arma não teria morrido só um", aponta, lembrando que a pistola de posse do militar tem 15 tiros no cartucho.

 

Outro fator que contribui para essa opinião é o fato de que o militar verbalizou para que Diego se afastasse, e tentou utilizar o cacetete, uma arma não letal, antes de disparar contra o homem.

 

"E o policial não atirou porque foi desrespeitado, ele é treinado para esse tipo de situação, para receber insultos. Houve uma agressão, e a partir do momento em que há agressão, e ela é injusta, é necessário uso da força para repeli-la", argumenta.

 

A Corregedoria-Geral da Polícia Militar deve instaurar um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o ocorrido e a conduta dos dois agentes que atuaram na ocorrência. Os policiais foram afastados temporariamente de suas funções.

 

Como se trata de vítima civil, a Polícia Judiciária Civil também pode investigar o caso em um inquérito que tramita de maneira independente do IPM. Depois, o caso deve ser remetido ao Ministério Público, que pode oferecer denúncia, arquivar ou pedir aprofundamento das investigações.

 

"Em casos dessa natureza, a Corregedoria é bastante cautelosa no sentido de esclarecer todos os fatos. Não existe corporativismo por parte da Corregedoria, por parte do comandante-geral da PM, isso posso assegurar para você. Pelo tempo que atuo, não há corporativismo. Como envolve vítima civil, é provável que a PM e a PJC instaurem inquéritos. Certamente serão esclarecidos os fatos, e tem detalhes que não sabemos e que as investigações vão demonstrar", explica o advogado.

.midiajur

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