Estado possui muitas cavernas famosas por suas belezas naturais e alto valor científico devido à história de indígenas nos locais, a paleologia, com fósseis e registros geológicos.
Caverna Kiogo Brado, nome indígena que significa Ninho das Aves — Foto: Rafaella Zanol/ Gcom-MT |
Em Mato Grosso, há mais de 140 cavernas, o que representa
1,7% da quantidade total de todo o Brasil. A maioria delas não é aberta ao
turismo regular para evitar riscos aos visitantes e aos próprios pontos.
Atualmente, estão catalogadas 6.073 grutas por todas as regiões brasileiras.
No Dia Internacional do Meio Ambiente, neste sábado (5),
a conscientização para a preservação desses recursos naturais é um dos grandes
assuntos debatidos nos congressos internacionais.
Caverna do Jabuti, em Curvelândia — Foto: Prefeitura de Curvelândia-MT/Divulgação |
Em Curvelândia está a maior caverna de Mato Grosso: a
Gruta do Jabuti, que em 2014 se tornou Patrimônio Histórico e Artístico
Estadual.
Na entrada da caverna encontra-se um enorme salão de três
metros de altitude, que dá acesso aos demais espaços, dentre outros salões,
salas, fendas e um poço, formando um verdadeiro labirinto, que proporciona um
impressionante passeio. A caverna tem 4 km de extensão.
A prefeitura do município tem interesse de abrir para o
turismo, mas esses patrimônios exigem o cumprimento da legislação para
regularizar e poder ser utilizadas.
Na Caverna do Jabuti há uma grande diversidade de
espeleotemas, que são as estalagmites, estalactites, que são as rochas no
interior, com tetos e paredes rochosas de várias cores, variando do calcário
branco mais puro ao marrom ferruginoso. Também nas paredes existe uma rica
morfologia formada de flores de aragonita, cristais de quartzo, dolomitos
(cristais), seixos de quartzo, estromatólitos e fragmentos de calcedônia.
De acordo com dados do Cadastro Nacional de Cavernas do
Brasil, Mato Grosso está em 11° lugar no ranking de estados com o maior número
de cavernas no país. O município do estado onde se encontra a maior quantia
desses recursos é Rosário Oeste, com 54 cavernas.
Turismo
Icnofósseis de animal instinto que viveu na região quando era mar, no período que só existia invertebrados no planeta — Foto: Arquivo Pessoal/Natally Carvalho Neves Linhares |
Mato Grosso possui muitas cavernas famosas por suas
belezas naturais se tornando regiões muito visitadas pelos turistas. Elas
possuem alto valor científico devido à história dos indígenas nos locais, a
paleologia, onde são encontrados fósseis e registros geológicos com bastante
vestígio de animais específicos que vivem em cavernas.
Entrada da caverna Aroe Eiari que fica no complexo de cavernas Aroe Jari — Foto: Arquivo Pessoal/Natally Carvalho Neves Linhares |
O complexo de cavernas Aore Jari que fica a 40 km de
Chapada dos Guimarães, é o mais visitado além de ter uma organização e atenção
pela preservação do recurso natural. Na trilha o circuito passa por três
cavernas e uma gruta. A primeira é a Caverna Aroe Eiari que é a maior caverna
de arenito do país.
A próxima do trajeto é a Gruta da Lagoa Azul, a 800
metros dela fica a Kiogo Brado e por último a Pobo Jari.
Caverna que chora, no município de Jaciara — Foto: Secom-MT |
Na fazenda onde fica o complexo possui um restaurante e
transporte para levar os turistas na trilha das cavernas. Só é possível entrar
com guias de turismo e condutores que indicam as belezas do lugar. A região é
muito visitada em feriados de final de ano e carnaval.
Em Nobres, as cavernas mais visitada é a Duto do Quebó,
onde vários turistas fazem boia cross no local. A caverna fica localizada na
Vila Bom Jardim onde possui em torno de 14 comunidades que vivem na região.
A Gruta da Lagoa Azul de Nobres é conhecida pela água cristalina do local — Foto: Arquivo Pessoal/Natally Carvalho Neves Linhares
Há também o Parque Estadual da Lagoa Azul, onde fica a
caverna Lagoa Azul, mas está interditada há quase 20 anos pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), devido às degradações do local.
A Lagoa Azul é denominada por rochas e uma lagoa de água
cristalina. Segundo pesquisadores, a lagoa surgiu quando o lençol subterrâneo
de água aflorou no local. A cor azul predominante na água envolve uma série de
elementos, entre eles carbonato de cálcio e magnésio.
O Sesc Serra Azul tem uma área voltada para o turismo
ecológico, onde eles fazem o plano de manejo, que é um conjunto de estudos que
regularizam e protegem as cavernas das ações das visitações recorrentes e
também para a segurança dos turistas.
Dolina Água Milagrosa é uma lagoa liberada para mergulho e observação — Foto: Marcelo Krause/ Divulgação |
A Dolina da Água Milagrosa em Cáceres, é uma caverna
submersa onde a entrada é formada através de um abatimento do solo, ali o
lençol freático está perto do solo e proporciona o mergulho, mas também pode
acontecer muitos acidentes.
Para chegar à Dolina, é necessário percorrer uma trilha
de aproximadamente 850 metros, além de descer uma escadaria com mais de 150
degraus. Após a escada de madeira, uma escadaria natural no solo. Em virtude
disso, há uma corda instalada no local a fim de auxiliar na descida.
Ano Internacional das Cavernas e do Carste
2021 é o Ano Internacional das Cavernas e do Carste
(AICC). A data é uma iniciativa da União Internacional de Espeleologia (UIS),
que fica na cidade de Postojna, na Eslovênia. Normalmente é realizado um
congresso para a conscientizar e ensinar sobre esses recursos naturais
importantes, já que cobrem cerca de 20% da superfície terrestre do planeta.
A UIS é composta por 55 países membros, inclusive o
Brasil. Mais de 100 organizações nacionais e internacionais são parceiras da
UIS no Ano Internacional criando oportunidades educacionais para aumentar o
conhecimento global sobre cavernas e carste.
Cavernas e Carste também são altamente vulneráveis à
poluição, uso excessivo, destruição e gerenciamento incorreto porque são muitas
vezes escondidos no subsolo.
O lema do ano internacional é 'Explore, Proteja e
Conheça'.
Além da UIS, há o Congresso Brasileiro de Espeleologia
que acontece de dois em dois anos e é composto por mais de 30 grupos de
espeleologia do Brasil. Devido a pandemia, o evento aconteceria neste ano em
Brasília, mas foi adiado para o ano que vem.
Desde 2019, o estado conta com o Instituto Mato-Grossense
de Espeleologia (Imesp). O primeiro mapa de cavernas no Brasil foi feito em
Mato Grosso, no Vale de São Domingos.
A bióloga e espeleóloga, Natally Carvalho Neves Linhares,
conta que as cavernas possuem muitas riquezas e são muito importantes para o
planeta e para os seres humanos.
"O Brasil possui muitas cavernas que tem essas
riquezas como a água. A caverna também traz a história do homem, o passado da
Terra como os fósseis e a atividade econômica como o turismo. Trazer para as
pessoas a consciência de que é importante preservar esse local", afirma.
Regularização e plano de manejo
As cavernas
possuem animais específicos como os troglóbios que vivem em ambientes escuros —
Foto: Assessoria/Sema-MT |
Ainda de acordo com a espeleóloga, as cavernas precisam
de planos de manejo para que sejam regularizadas para turismo e que em Mato
Grosso não há nenhuma regular. A conservação das cavernas no estado são muito
precárias e as que são muito visitadas não possuem um plano de manejo.
"Nenhuma caverna em Mato Grosso está regularizada
para o turismo. Muitos empreendimentos como hidrelétricas, estradas, ferrovias,
mineração, tem cavernas em suas áreas e a gente não vê tanta cobrança dos
órgãos ambientais", afirma.
O plano de manejo é um conjunto de estudos que devem ser
feitos proporcionando o turismo para preservar o ambiente e os turistas. Nas
cavernas podem ter estruturas que podem estar frágeis e até mesmo inalar
fungos. A conservação das cavernas é da responsabilidade do órgão ambiental
para exigir os estudos.
O complexo de cavernas Aore Jari é um local que tem
potencial de gerar empregos, mas, se não houver a condução correta, pode causar
acidentes aos turistas.
"Tem fungos que podem trazer a óbito e cada dia que
passa tem mais pessoas indo e pisando em vidas que só tem em cavernas, além de
ter muitas cavernas quebradas também", afirma.
O Centro Nacional de Estudo e Pesquisa Nacional (CECAV) é
um órgão que auxilia órgãos públicos, municipais. em relação a esses planos de
manejo. Antigamente, a responsabilidade dessas cavernas era do IBAMA que
interditou várias cavernas por falta de regularização e em 2006, quando passou
para a Sema, não é dado a atenção necessária para conservar esses recursos.
Além disso, há um número limitado de guias turísticos,
que podem evitar ações que degradem as cavernas, mas o fluxo grande pessoas
tira o alimento de animais que vivem nesses ambientes.
"As vidas de cavernas são mais insetos e fungos, tem
um inseto que só vive em cavernas, os troglóbios. Então não tem fiscalização,
não tem cuidado", afirma.
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