Essa legislatura entrará para a
história como uma das mais difíceis e mais cruéis para o parlamento estadual de
Mato Grosso.
Desde o recebimento das mensagens
do governador Mauro Mendes enviadas em regime de urgência à Assembleia
Legislativa, às vésperas do fim de uma legislatura caracterizada pela não
reeleição de 14 deputados, passamos por intensas discussões. Um trabalho árduo
que envolveu as assessorias dos deputados estaduais e representantes de
diversos sindicatos vinculados ou não ao Fórum Sindical.
Destaco como importantíssimos os
pedidos de vista feitos por mim e pela deputada Janaína Riva ás mensagens 3, 5
e 7. Foram eles que propiciaram valorosas audiências públicas, reuniões com
servidores e representantes do Fórum Sindical.
Juntos, pudemos negociar com a
base governista na Assembleia, com as autoridades do poder executivo e com o
próprio governador a inclusão de emendas que garantiram, pelo menos
minimamente, a manutenção de direitos dos servidores que haviam sido suprimidos
nos textos originais. Nosso desejo era de que nenhuma mensagem fosse aprovada
pelo parlamento permitindo-nos exercer em plenitude nossas atribuições. Mas,
infelizmente, em parte, fomos vencidos pela Situação.
Ainda que diante da enorme
pressão do governo e de poderosos interesses, a ação parlamentar articulada em
bloco com as representações dos sindicatos, a resistência organizada e o
protesto legítimo dos servidores trouxeram avanços e travas às reduções de direitos.
Entre eles as emendas que permitiram incluir para o cômputo da receita corrente
líquida e, por conseguinte da RGA, recursos arrecadados pelos Fethabs
comodities e combustível (uma emenda para cada fundo) e pelo FEX; e a emenda
que manteve o direito à progressão nas carreiras.
Quero dizer que mesmo com a
inclusão destas emendas, fruto da nossa mediação junto ao deputado Eduardo
Botelho, presidente da Assembleia Legislativa, e dele junto ao governador,
votamos contra a mensagem número 5 que institui a Lei de Responsabilidade
Fiscal Estadual. Para nosso grupo parlamentar, a mensagem representa forte
ataque aos direitos dos trabalhadores tão arduamente conquistados nas lutas
travadas por décadas e que estão garantidos no artigo 37 da Constituição Federal,
e 147 da Constituição estadual.
Votamos também contra a mensagem
número 4, que trata das mudanças nas regras para o pagamento da RGA, e contra a
mensagem número 3 que ataca frontalmente o direito dos segurados do MT Prev, o
fundo de previdência dos servidores.
Por outro lado, fomos favoráveis
a mensagem número 6 que instituiu o novo Fethab que deve ampliar a receita
estadual a partir da taxação do agronegócio chamando a atenção para a
possiblidade de destinação de 65% de suas receitas para pagamento da dívida pública
e para a manutenção de outras injustiças tributárias não superadas.
Também votamos a favor da
mensagem número 7 que trata das mudanças da estrutura administrativa do Poder
Executivo no exercício de suas atribuições próprias, sob a ótica de que a partir
das nossas emendas houve alterações significativas no projeto original.
Não posso deixar de dizer que a
partir do trabalho dos deputados articulados conseguimos a reestruturação da
Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural) que
será transformada em Instituto ao invés de ser extinta, e da Desenvolve MT,
grande braço de apoio aos pequenos empreendedores deste estado.
Além disso, conseguimos que
quatro empresas públicas tenham seis meses de fôlego para apresentem planos de
reestruturação e viabilidade financeira para continuarem existindo, são elas:
Ceasa (Central de Abastecimento do Estado de Mato Grosso), Metamat (Companhia
Mato-grossense de Mineração), MTI (Empresa Mato-grossense de Tecnologia da
Informação) e Agem (Agência de Desenvolvimento Metropolitano da Região do Vale
do Rio Cuiabá).
Encerro dizendo que diante dos
claros sinais do novo estilo de exercício do poder, da intensidade e do sentido
das iniciativas apresentadas pelo novo governo nestes primeiros dias de sua
gestão, precisaremos estar preparados porque ainda teremos muitas batalhas a
vencer. A luta vindoura reclamará capacidade de formulação de estratégias
firmes e focadas no bem comum, articulações políticas e ações coordenadas junto
à organização popular da resistência.
Seguiremos ombro a ombro.
*Valdir Barranco e deputado
estadual e presidente do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso.
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