Segundo a Comissão Pastoral da
Terra, foram registradas 27 áreas em disputa no estado em 2017. Levantamento
aponta que conflitos ocorrem em áreas rurais de 24 municípios.
Famílias que ocupavam fazenda em Novo Mundo (MT) foram retiradas e tiveram materiais incendiados (Foto: Arquivo pessoal) |
Pelo menos 5.496 famílias vivem
em áreas de conflito agrário em Mato Grosso. Segundo levantamento feito pela
Comissão Pastoral da Terra (CPT) e divulgado nessa terça-feira (5).
Os dados referem-se ao ano de
2017 e indicam que as disputas ocorrem em zonas rurais de 24 municípios do
estado, entre glebas, áreas públicas, fazendas particulares, assentamentos,
terras indígenas e áreas de quilombolas.
Conforme o levantamento, a maior
área disputada – e, consequentemente, que envolve mais pessoas – está inserida
no Parque Indígena do Xingu, entre os municípios de Querência, Canarana e São
Félix do Araguaia, onde vivem 1.522 famílias.
Os conflitos têm, em sua maioria,
indígenas, assentados, sem terra, quilombolas e posseiros como as vítimas de
ações praticadas por madeireiros, empresários, mineradores e grileiros, além de
atos pontuais dos governos federal e estadual e da Polícia Militar.
Em alguns casos, tais conflitos
terminam em morte. Em abril do ano passado, nove posseiros foram assassinados
em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, o que rendeu a Mato Grosso a 4ª posição no
ranking de homicídios por conflitos agrários.
Uma semana após chacina de 9 trabalhadores em Colniza (MT), nenhum suspeito é preso (Foto: Reprodução/TVCA) |
Ocorrências
O levantamento aponta que foram
registradas 35 conflitos por terra ao longo de 2017, sendo que em alguns casos,
como em Nova Guarita, a 667 km de Cuiabá, foram quatro embates seguidos em
apenas um mês, no Assentamento Raimundo Vieira.
Nesse caso, conforme a Pastoral,
os conflitos entre assentados e grileiros começaram com atos de intimidação e
culminaram em famílias torturadas e danos materiais – tudo isso em um espaço de
três semanas.
Segundo o estudo, entre os
confrontos, duas roças foram destruídas e foram registrados 14 boletins de
ocorrência por danos materiais e 12 por crimes de pistolagem.
Também durante o ano passado,
quatro famílias foram agredidas e expulsas de uma fazenda particular onde
moravam em Campo Verde, a 139 km da capital. O caso ocorreu em outubro e a
área, que é disputada na Justiça, é particular e pertenceria a um empresário,
apontado como o suposto mandante da ação.
Balanço
Ao todo, conforme a Pastoral,
foram registrados 820 ocorrências de tentativas ou ameaças de expulsão, 336
registros de famílias despejadas e 502 ameaçadas de despejo, bem como 317 casas
e 153 roças destruídas e 578 crimes de pistolagem e 23 relatos de pertences
destruídos.
Por Lislaine dos Anjos, G1 MT
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