2017/03/05

Taques é envolvido oficialmente na Lava-jato

Odebretch teria repassado R$ 3 milhões para campanha através de cervejaria. MT entra na lista oficial de suspeição

Taques é envolvido oficialmente na Lava-jato 
As falcatruas do governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), já extrapolaram as fronteiras do estado e ganharam as páginas do noticiário nacional, após uma semana de bombardeio de delatores falando sobre esquemas e desvios de dinheiro público em sua gestão.

Agora, Taques aparece também na Lava Jato, e de maneira oficial, já que as investigações descobriram recebimento de R$ 3 milhões em sua conta de campanha de uma cervejaria, que na verdade pode ter sido usada pela empreiteira Odebrecht.

A revelação veio com a temida lista da empreiteira, onde executivos da empresa colocaram Mato Grosso no foco da propina. O Muvuca Popular foi o primeiro e um dos únicos veículos de comunicação de Mato Grosso a antecipar isso e mencionar que Taques apareceria na  Lava Jato (veja aqui).

A distribuidora Petrópolis, que doou R$ 3 milhões para a campanha do governador tucano, teria sido uma parceira da Odebretch na distribuição de propina: A cervejaria é dona da marca Itaipava e é comandada pelo empresário Walter Faria.

Curioso que a empresa tenha sido a principal beneficiada com a política de incentivos fiscais do Governo de Mato Grosso, de acordo com relatório do Tribunal de Contas, e também foi a maior doadora da campanha de Pedro Taques. Com fábrica em Rondonópolis, a Petrópolis repassou R$ 3 milhões em duas transferências para pagar as contas de Taques.

Durante a fase inicial da delação, os executivos da Odebrecht confirmaram as suspeitas dos investigadores baseadas em provas que estavam sendo levantadas há meses.  De acordo com os relatos, o grupo empresarial da Itaipava intermediava o pagamento de propina a políticos, a pedido da Odebrecht.

A peça-chave para desvendar essa relação é o diretor-presidente da construtora, Benedicto Barbosa Junior. Sediado no Rio, “BJ”, como se tornou conhecido, era um dos elos com Walter Faria. Com ele, a Polícia Federal apreendeu diversas planilhas de pagamentos a políticos que apontaram a relação com o grupo Petrópolis.

A Itaipava se soma a uma sofisticada engenharia financeira montada pela Odebrecht para o pagamento de propina. A profissionalização da corrupção impressionou os investigadores. Dentre os métodos, um dos favoritos era usar operadores financeiros que geravam dinheiro em espécie para os repasses a políticos. Também ocorriam transferências bancárias no exterior, em operações de lavagem de dinheiro, e o uso de empresas intermediárias, como era o caso do grupo de Walter Faria, segundo os relatos da delação.

Os detalhes da delação que serão fornecidos nos próximos dias serão essenciais para explicar como o dinheiro da Odebrecht chegava até o grupo Petrópolis, para que daí fosse redistribuído aos políticos. Os executivos colocaram sob suspeita a construção de três fábricas da cervejaria Petrópolis, feitas pela Odebrecht na Bahia, Mato Grosso e Pernambuco. Investigadores que ouviram os depoimentos contam que as obras seriam moeda de troca para o pagamento de propina a políticos. Em vez de cobrar o custo real da obra, a Odebrecht pediria que o grupo Petrópolis repassasse propina e abateria os pagamentos do valor da obra


P.S. Além dos R$ 3 milhões recebidos da cervejaria Petrópolis, Pedro Taques recebeu R$ 200 mil da própria Odebretcht. Os valores representaram mais de 11% do total de "doações" recebidas em 2014 quando foi eleito governador.

MUVUCA POPULAR

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