2014/10/30

Pilotos sequestrados chegam a MT após 40 dias na Bolívia: 'Renascemos'

Eles foram liberados na Bolívia e caminharam até conseguir carona.
Sequestradores eram brasileiros e roubaram avião para vendê-lo.Pollyana Araújo Do G1 MT

Pilotos sequestrados são liberados (Foto: Pollyana Araújo/G1)Pilotos sequestrados foram liberados na terça-feira (28) (Foto: Pollyana Araújo/G1)
Os pilotos Evandro Rodrigues de Abreu e Rodrigo Frais Agnelli desembarcaram no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, na tarde desta quinta-feira (30). Eles haviam sido sequestrados há 40 dias, no aeroporto municipal de Pontes e Lacerda
, a 483 km de Cuiabá. Eles relataram que foram mantidos reféns por dois brasileiros na Bolívia e, durante esse período, os criminosos negociavam a venda da aeronave para traficantes de drogas.
Eles foram libertados na terça-feira (28) e caminharam mais de um dia, passando por três cidades bolivianas. Depois, pegaram carona e na madrugada desta quinta-feira (30) chegaram em Guajará-Mirim (RO), divisa entre o Brasil e o país vizinho. Lá, entraram em contato com a polícia daquela cidade e familia. Nesse momento, os pilotos disseram ter acreditado que, de fato, não estavam mais em poder dos criminosos.
A aeronave pertence à família Riva e estava sendo usada por Janete Riva (PSD) durante a campanha dela ao governo do estado quando foi roubada. Na data do crime, o piloto e o copiloto aguardavam a então candidata para seguir viagem de Pontes e Lacerda a Vila Bela da Santíssima Trindade, a 562 km da capital. Eles foram abordados pelos criminosos e obrigados a voar para a Bolívia. Para evitar o rastreamento do avião, mandaram que o piloto voasse em zigue-zague.
Pontes e Lacerda
No aeroporto, os pilotos contaram que a sensação é de renascimento. "Nós renascemos depois desse sequestro", declarou Evandro. Porém, alegou que ele e o companheiro não foram maltratados pelos sequestradores e que ainda se alimentaram bem, considerando a situação em que estavam. Em um dos locais que ficaram, tinha até mesmo uma cozinheira para preparar a refeição dos criminosos e deles.
Os dias foram tensos, segundo Rodrigo, porque eles não sabiam se iriam voltar para casa. "É difícil o estado emocional, pensar no que irá acontecer", disse. Já Evandro afirmou que acreditava que eles seriam trazidos de volta ao Brasil, após a venda da aeronave. "Acredito que eles nos deixariam de volta em casa", frisou. Para o piloto, a demora na liberação se deu por conta de falhas na venda da aeronave.
A libertação, segundo as vítimas, ocorreu após desentendimento entre os sequestradores da aeronave e os traficantes que estariam comprando o avião. Por conta desse 'desacordo comercial', os criminosos mantiveram reféns os mecânicos contratados pelos traficantes para descaracterizar a aeronave. "Eles liberaram para a gente sair porque estava ficando perigoso. A gente caminhou pela mata e seguimos por uma trilha. Tivemos medo de pedir informações para as pessoas de lá e continuamos andando", contou Rodrigo.
"Os compradores se irritaram com ele [um dos criminosos] e pedimos para ele nos liberar porque iria ficar ruim para todo mundo. Ele disse que era para eu seguir o meu coração", relatou Evandro. Pelo que acompanhou, ele entendeu que a aeronave não havia sido encomendada pelos traficantes, mas roubada para então ser oferecida a eles.
Os dois passaram pela cidade de Santa Rosa e Riberalta, onde conseguiram uma carona para seguir até Guajará-Mirim. Após a liberação, os pilotos não procuraram a polícia boliviana.
Aeronave
Dono da aeronave, o deputado estadual José Riva (PSD) disse ter entrado em contato com a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) para tentar recuperar o avião. Agora, segundo ele, é possível ter noção do local onde a aeronave se encontra. Segundo o parlamentar, a aeronave já tinha sido modificada, tanto na cor quanto no prefixo. Até mesmo um tanque de combustível adicional teria sido trocado para o avião poder voar por mais tempo, conforme o deputado.

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