2014/02/05

Após chegada da polícia, famílias se espalham por terra indígena em MT

Equipes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Ibama estão na área.
Posseiros alegam que governo não cumpriu acordo de reassentamento.

Do G1 MT

Famílias que voltaram às terras se concentram na área conhecida como Posto da Mata. (Foto: Agência da Notícia)Famílias estavam em área conhecida como Posto
da Mata. (Foto: Agência da Notícia)
As famílias que retornaram para a reserva indígena Marãiwatsédé, em Alto Boa Vista, a 1.064 km de Cuiabá, e tinham se concentrado na comunidade de 'Posto da Mata' se espalharam pela área de aproximadamente 165 mil hectares após a chegada de agentes da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal  (PRF) e de agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na semana passada. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores Rurais da Suiá Missú (Aprosum), Sebastião Prado, os produtores voltaram para as propriedades rurais onde viviam antes do processo de desintrusão.
Segundo o presidente da associação, cerca de 70% da população total que vivia no local antes da desocupação, retornaram para a área há aproximadamente três semanas. "Cada um está na sua propriedade que é de direito. Nossos direitos constitucionais não foram respeitados. O governo não cumpriu o acordo de reassentar as famílias", alegou Prado. Além disso, o presidente disse que nesta terça-feira (4) foi protocolada uma petição exigindo a realização de uma reunião urgente com os órgãos responsáveis pelo caso.
A polícia está na área com a finalidade de identificar e monitorar as atividades do grupo que invadiu a reserva que pertence aos índios xavantes. O trabalho visa cumprir decisão da Justiça no dia anterior determinando o uso de força federal para conter as famílias. O despacho, assinado pelo juiz Jefferson Schneider, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso, também determinou o envio de forças da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O processo de desintrusão de famílias e produtores rurais da terra indígena começou em dezembro de 2012 e terminou em abril de 2013, após a determinação judicial do final de 2012.
Conforme a Secretaria Nacional de Articulação Social, a volta dos ex-ocupantes é ilegal. “O que eles estão fazendo é uma invasão criminosa. E estão colocando em risco as próprias famílias e as famílias dos índios que vivem ali", disse Paulo Maldos da secretaria. Entretanto, de acordo com o presidente Aprosum, o processo de desintrusão não acabou. “A decisão ainda não transitou em julgado, então é reversível”, alegou o Prado.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a homologação da Terra Indígena, por decreto presidencial ocorreu no ano de 1998. A área está registrada em cartório na forma de propriedade da União Federal, conforme legislação em vigor, e seu processo de regularização é amparado pelo Artigo 231 da Constituição Federal, a Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio) e o Decreto 1.775/96, pontua a Funai. No entanto, diversos recursos impetrados na Justiça marcaram a divisão de lados entre os produtores e indígenas.
O advogado da Associação dos Produtores Rurais da Suiá Missú, disse que foi procurado pelos posseiros que informaram que iriam voltar à área. “Eles pediram a minha opinião e eu disse que era contra nova invasão, porque decisão judicial tem que ser cumprida. Mesmo assim, disseram que iam retornar”, disse Luiz Alfredo Feresin.

Segundo ele, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não cumpriu com a obrigação de alocar as famílias com perfil de reforma agrária em outra área. "Como o Incra não fez a parte dele, que era de assentar as pessoas com perfil de sem-terra, essas famílias ficaram sem ter para onde ir. E o judiciário não toma providência alguma. Por isso eles querem voltar", relatou. "Os índios nunca tomaram posse da área", acrescentou.

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