Abandonado pelos pais aos dois anos de idade, Robert da Silva, de 32
anos, foi chamado de louco pelos familiares por ter um problema na fala. Ele
dormiu na rua por alguns anos, mas se reergueu por conta própria ao abrir um
negócio. Com o slogan "Venha conhecer o mendigo que virou empresário", ele
distribui panfletos no Guarujá, no litoral de São Paulo, e passou a ter uma
renda mensal de R$ 1.100,00.
Robert chegou a viver nas ruas durante dois anos. Ele explica que ainda
criança foi abandonado pela mãe e foi criado pelo pai, que falou para ele seguir
a vida sozinho após a adolescência. "Minha família achava que eu era louco por
ter um problema de fala. Nasci mudo, mas aprendi a falar um pouco. Não sou louco
e resolvi provar isso", diz Robert.
Sem oportunidades e sem o apoio da família, Robert virou mendigo, passou fome
e enfrentou dificuldades. "Contava com a ajuda das pessoas, que me doavam roupas
e comida. Alguns amigos me aconselharam a ir roubar para ser preso, porque assim
pelo menos teria comida todos os dias. Fiquei indignado com esses conselhos",
relembra.
Aos 28 anos de idade, o então morador de rua resolveu mudar de vida e passou
a vender sorvetes em um carrinho e a juntar dinheiro. Algum tempo depois, abriu
a própria empresa, a TNT Panfletagem. "Tenho CNPJ, tudo certinho. O trabalho
funciona da seguinte forma: procuro os comércios e eles confeccionam panfletos
para eu distribuir nas casas", conta.
Além de trabalhar todos os dias com panfletagem nas ruas de Guarujá, Robert
ainda faz faxinas em casas noturnas aos finais de semana. Segundo o ex-morador
de rua, sua renda mensal é de R$ 1.100,00. Atualmente, ele mora de favor em um
pequeno cômodo. Vive no fundo da casa de uma conhecida que ofereceu ajuda. "É
neste pequeno espaço que trabalho, faço contatos, cozinho e durmo. Mas pretendo
ajudar com o aluguel em breve", diz.
Apesar de ter dado uma reviravolta na vida, Robert conta que ainda tem muitos
sonhos para realizar. "Quero ter minha própria casa e constituir uma família. Já
que não tive uma família na infância, quero construir a minha". Em seus planos,
o ex-morador de rua ainda inclui ajudar desabrigados. "Quero que a minha
história vire inspiração para outras pessoas, eu costumo andar pelas praças para
conversar com os mendigos, para mostrá-los que se eu consegui mudar de vida, ele
também conseguem", afirma.
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