Famílias vivem há mais de 20 anos em área indígena.
Justiça decidiu que área pertence a índios da etnia Xavante.
Justiça decidiu que área pertence a índios da etnia Xavante.
A maioria das famílias de posseiros que moram na terra indígena Marãiwatsédé, localizada na região nordeste do estado, já foi notificada a deixar a área por decisão da Justiça Federal. Os moradores começaram a ser notificados na semana passada. No próximo dia 9 de dezembro encerra o prazo para que as primeiras famílias notificadas saiam do local.
prefeito de São Félix do Araguaia, a 1.159 quilômetros de Cuiabá, cidade vizinha da área indígena, Filemon Gomes Limoeiro, disse não acreditar ser possível reverter a decisão que determina a saída de 6 mil não índios da área dos índios da etnia Xavante. "Juridicamente não temos mais como apelar. Estamos vendo agora o lado político porque o próprio Ayres Brito (presidente do Supremo Tribunal Federal) disse ter feito a parte dele e se quiséssemos teríamos que falar com a Dilma [Roussef]", avaliou o prefeito.
Homens do Exército Brasileiro, Força Nacional e agentes federais estão em Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia para garantir o cumprimento da ordem judicial. A maior parte das famílias da área rural que ocupam a terra dos xavantes nos dois municípios já recebeu notificação. Os posseiros têm 30 dias para deixar o local de forma voluntária. Algumas famílias estão desesperadas e começaram a vender o gado.
"Está chegando o dia em que se não sair por bem eles vão tomar o gado. A situação está muita tensa. As pessoas não conseguem mais nem dormir", disse o morador João Batista dos Santos. Já o produtor rural Dagmar Faleiros avalia que os moradores ainda não conseguem acreditar que terão que deixar o local. "Ainda não caiu a ficha, mesmo sendo notificado", pontuou.
Na área, segundo a Associação de Produtores da Gleba Suiá Missú, existem 6 mil pessoas que plantam e criam gado. As famílias estão no local há mais de 20 anos. Começaram a chegar em 1992, mas em 1998 o governo federal criou a reserva indígena Marãiwatsédé e a Justiça reconheceu os laudos da Fundação Nacional do Índio (Funai) de que antes da chegada dos 'não índios' os xavantes já viviam no local.
De acordo com a Funai, em 1967, durante o governo militar, houve uma operação "limpeza" e os índios foram retirados da área.
No dia 22 deste mês deve ser realizada uma reunião com políticos e moradores para discutir a situação. O prefeito de São Félix do Araguaia alega que até hoje não foi elaborado um plano para transferir as famílias que vão ser retiradas do local. "Eu iria pedir à Justiça Federal, assim com deu a liminar para a retirada dos moradores, que decretasse a prisão da população, dos 7 mil, porque lá na cadeia tem onde comer e dormir. Onde vamos colocar as 500 crianças que estão estudando?", declarou.
A desintrusão havia sido suspensa desde que duas liminares concedidas pelo TRF-1 interromperam a retirada das famílias da região alvo de impasse. A Justiça aposta na saída voluntária das famílias que residem na região, mas autorizou - em casos extremos - o emprego da força policial. Em 31 de julho o mesmo magistrado homologou o plano de desintrusão elaborado pela Fundação Nacional do Índio (Funai), determinando seu imediato cumprimento mediante notificação de todos os agentes envolvidos no processo.
Do G1 MT
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os recados postados neste mural são de inteira responsabilidade do autor, os recados que não estiverem de acordo com as normas de éticas serão vetado por conter expressões ofensivas e/ou impróprias, denúncias sem provas e/ou de cunho pessoal ou por atingir a imagem de terceiros.