A lei do deputado Wilson Santos
foi aprovada pela ALMT em maio
Entidades solicitam ao governador
Mauro Mendes (União Brasil), a sanção da Lei 957/2019, do deputado estadual
Wilson Santos (PSD). Aprovada pela Assembleia Legislativa no último dia 04 de
maio, a legislação impede a construção de novas Usinas Hidrelétricas de grande
porte e PCHs (Pequenas Usinas Hidrelétricas) no Rio Cuiabá.
Vale ressaltar que no rio já
existe a Usina do Manso, operada pela Furnas Centrais Hidrelétricas Ltda, que
além de atrapalhar a cheia natural do rio impede o abastecimento de água no
Pantanal Mato-grossense causando a
extrema mortandade de peixes em seu lago. O que provoca, inclusive, a
economia das cidades que margeiam o rio impedindo a renda de pescadores profissionais
das comunidade ribeirinhas.
Confira a nota
Solicitação de Sanção à Lei
957/2019
As entidades e demais
subscritoras desta carta manifestam seu apoio para que Vossa Excelência
sancione a Lei 957/2019, corretamente aprovada pela Assembleia Legislativa em
ampla maioria no último dia 04 de maio de 2022 e em consonância com outros
diplomas legais.
Consideramos justas as vossas
preocupações sobre a necessidade de avaliação técnica para a tomada de decisão
quanto a sancionar ou não o Projeto em questão. Contudo, nesta perspectiva, as
respostas às suas apreensões já estão plenamente respondidas, sendo encontradas
com extremo detalhamento nas importantes pesquisas inéditas realizadas, sob a
coordenação da Agência Nacional de Águas (ANA) e Embrapa Pantanal1, em parceria
com a UFMT, UNEMAT, UEMS, UFMS, UFRJ, UnB, UEM, UFRGS entre outras instituições
de pesquisa de excelência, sobre os efeitos da implantação de empreendimentos
hidrelétricos nos rios formadores do bioma Pantanal, da Bacia do Alto Paraguai,
e, consequentemente toda sua dinâmica hidrológica e ecológica, ou seja, de
vida.
Os benefícios sociais da
conservação dos rios livres de barragens, em especial o rio Cuiabá, são
demonstrados neste importante estudo e são determinantes também para a economia
do Estado de Mato Grosso, bem como do Mato Grosso do Sul.
Os resultados trazidos à luz pela
Ciência, como embasamento técnico para a tomada de decisão e respeito à uma
política pública federal determinada pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos2, o Plano de Recursos Hídricos da Região Hidrográfica do Paraguai3 -
PRH Paraguai, mostram claramente que os efeitos de empreendimentos
hidrelétricos no rio Cuiabá serão danosos para o Pantanal, a começar por sua
diversidade biológica, base para suas características sociais, culturais e
econômicas.
Um dos efeitos diretos, caso
sejam licenciados empreendimentos hidrelétricos, será a diminuição na
reprodução dos peixes migradores, os peixes de piracema - importantíssimos para
as atividades econômicas de pesca profissional e turística. O rio Cuiabá foi
considerado o ecossistema mais piscoso do bioma, segundo os estudos científicos
mencionados acima. Toda a cadeia alimentar será modificada e, consequentemente,
a cadeia econômica será alterada, do turismo ambiental à pesca em suas várias
modalidades.
Manter a qualidade do rio Cuiabá
é garantir que coletores de iscas (isqueiros), pescadores
profissionais-artesanais e do turismo de pesca, hotéis, barqueiros, empresas de
turismo e do setor de pesca continuem garantindo suas importantes atividades.
Além disso, à população ribeirinha, aos povos e às comunidades tradicionais a
pesca garante a segurança alimentar e os seus modos de vida; à população urbana
garante a pesca como lazer de importância cultural na região e também acesso à
fonte de proteína de qualidade, aliviando as agruras da atual situação
econômica negativa.
Destacamos que as chamadas
“escadas de peixe” e mesmo outras tecnologias, às vezes apresentadas como
“solução técnica”, não atendem às condições básicas para reprodução e isso é
comprovado cientificamente. As alternativas propostas pelos empreendedores não
acompanham o que demonstra a Ciência e não há referências de que tenham
solucionado o problema em nenhum empreendimento. Ressaltamos que essa solução é
comumente apresentada, ainda que nunca tenha sido cientificamente aceita - são
diversas as referências sobre a ineficiência dessas estruturas. Estamos falando
de vidas, de vida dos peixes e dos animais e de vidas humanas que vivem e
sobrevivem deles.
O rio Cuiabá livre é parte da
alma, da cultura e da história do Vale do Rio Cuiabá. Seu barramento pode
quebrar toda essa conexão admirável. O rio alimenta diretamente milhares de
pessoas. Para sua ciência, salientando os resultados dos estudos científicos do
PRH Paraguai, a pesca, em suas várias modalidades, é a maior geradora de
trabalho, economia e renda no Pantanal e deve ser protegida como atividade
fundamental em tempos tão difíceis, inclusive para a sobrevivência imediata.
O Pantanal é considerado
Patrimônio Nacional pela Constituição Federal, sendo incumbido ao poder
público, ou seja, também à V. Exa. e à coletividade, “o dever de defendê- lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O Pantanal também é considerado
Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO.
Por todas essas razões contamos
com vossa sensibilidade e responsabilidade para a sanção desta Lei. O Pantanal,
Cuiabá, o Brasil e o Mundo certamente o apoiarão.
Rede Pantanal - 56 organizações
Rede de Mulheres Produtoras do
Cerrado e Pantanal - 8 organizações
Fórum Mato-grossense de Meio
Ambiente e Desenvolvimento - Formad
- 30 organizações
Ecoa - Ecologia e Ação
Fórum Nacional da Sociedade Civil
nos Comitês de Bacias Hidrográficas -
FONASC
Instituto Samaúma
Associação do Segmento da Pesca
de Mato Grosso
Pesquisação
Associação Xaraéis
Instituto Samaúma
Internacional Rivers
Igreja Anglicana Servos do Amor
de Cristo pura vida Diosecis de Cuiabá
Comunidade ecumênica HOREB Brasil
Resolbio
NEPEA - Nova Xavantina
Associação Sócio Cultural e
Ambiental Fé e Vida
Central Única dos
Trabalhadores/MT
Comitê Popular do Rio Paraguai
Pantanal
Grupo Arareau de Pesquisa e
Educação Ambiental
Grupo Semente de Chapada dos
Guimarães
Instituto Caracol
Instituto Ecótono
Instituto Gaia de Pesquisa e
Educação Ambiental
Ecopantanal - Instituto de
Ecologia e Populações Tradicionais do Pantanal
Rede de Comunidades Tradicionais
Pantaneira
NEAST – Núcleo de Estudos
Ambientais e Saúde do Trabalhador
Associação Rede Brasileira de
Trilhas
Coalizão para Proteção Permanente
de Rios do Brasil
Pastoral da Ecologia Integral em
Mato Grosso
Centro Burnier de Fé e Justiça
Fórum de Direitos Humanos e da
Terra/MT
Centro de Estudos Bíblicos de
Mato Grosso
Sos Pantanal
Comissão Pastoral da Terra/MT
Instituto Arara Azul
Grupo de Pesquisas em Geografia
Agrária e Conservação da Biodiversidade -
GECA
Instituto de Conservação de
Animais Silvestres – ICAS
Instituto Panthera
Observatório Socioambiental de
Mato Grosso – ObservaMT
Fundação Neotrópica
Instituto Pantanal Sul
Instituto Homem Pantaneiro
Colônia de Pescadores Z8 - Santo
Antônio do Leverger
Colônia de Pescadores Z11 -
Poconé
Colônia de Pescadores Z13 -
Rosário Oeste
Colônia de Pescadores Z5 - Barão
de Melgaço
Instituto Centro de Vida
Rede Mato-grossense de Educação
Ambiental
Grupo Pesquisador em Educação
Ambiental, Comunicação e Arte -
GPEA/PPGE/UFMT
Movimento de Atingidos por
Barragem - MAB/MT
Federação de Pescadores e
Aquicultores de Mato Grosso
Instituto Agwa
Robson Fraga
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