No assentamento moram 700 famílias que reclamam da falta de linhas de crédito
A Assembleia Legislativa realizou
na última sexta-feira (13), audiência pública para discutir demandas
relacionadas à atividade leiteira no assentamento Nossa Senhora Aparecida,
conhecido como Sadia II, localizado em Várzea Grande; km 455 da BR-163 (sentido
Jangada).
Os cerca de 700 produtores locais
demonstraram dificuldades no acesso à linhas de crédito para financiamento da
atividade, falaram dos problemas provocados pelas sucessivas quedas no
fornecimento de energia e da falta de manutenção nas estradas rurais, entre
outros temas. O requerimento da audiência é do deputado estadual Eduardo Botelho (União
Brasil) e tem o deputado Wilson Santos (PSD), que presidiu o debate, como
coautor da proposição.
“Nosso objetivo é debatermos as
dificuldades destes produtores em relação a regularização fundiária, acesso à linhas
de crédito, recuperação das estradas rurais e regularidade no fornecimento de
energia. O resultado deste debate será levado à Assembleia para que possamos
ajudar a resolver todos estes problemas. Daqui a 90 dias, voltaremos com nova
audiência para apresentar os resultados obtidos neste encontro”, explicou
Wilson Santos.
Linhas de Créditos
Para terem acesso ao crédito, os
produtores enfrentam problemas com a ausência da APF (Autorização Provisória de
Funcionamento de Atividade Rural) emitida pela Sema. O documento é exigido por
bancos e instituições financeiras, mas a burocracia do Governo atrapalha a
emissão.
A secretária Adjunta da Sema,
Luciane Bertinatto Copett, explicou que para acesso à APF o produtor precisa
estar com o Cadastro da Ambiental Rural (CAR) em dia. No documento constam
os dados do proprietário, comprovação de
propriedade ou posse e informações georreferenciadas do perímetro do imóvel,
das áreas de interesse social e das áreas de utilidade pública, com a
informação da localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de
Preservação Permanente, das áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e das
Reservas Legais.
“Neste assentamento, 80% dos
proprietários já possuem a escritura das terras e podem entrar com pedido do
CAR individual. De acordo com os documentos apresentados por alguns assentados
é possível ver que já está referenciada a matrícula da reserva legal.
Portanto, acredito que já conseguimos
tirar o CAR individual de cada um desses proprietários que têm documento da
terra para emitirmos a APF. A Sema tem uma equipe de técnicos para auxiliar
todos vocês neste processo”, garantiu.
O representante da Caixa
Econômica Federal garantiu que de posse da APF todos os produtores de pequena
propriedade poderão ter acesso ao crédito fundiário.
Energia e produção de leite
Quanto a questão das constantes
quedas de energia, o que dificulta a produção de leite e outras atividades como
a irrigação do pasto, o representante da concessionária Energisa disse que os
problemas na rede de distribuição estão sendo solucionados. Vale ressaltar que
a falta de energia paralisou as atividades da cooperativa Coopergrandelac,
única planta cooperativada que industrializa derivados do leite na Baixada
Cuiabana e com capacidade para beneficiar no mínimo 5 mil litros de leite/dia.
Estradas
A prefeitura de Várzea Grande
garantiu que fará a manutenção das estradas para facilitar a escoação da
produção do assentamento. Problemas teriam sido provocados pelas chuvas dos
últimos tempos. Mas, agora, em tempo de estiagem, as vicinais receberão
manutenção.
Empaer
Para que a produção de leite,
carne e outros produtos da atividade rural voltem à normalidade, técnicos da
Empaer-MT têm dado assistência técnica à comunidade. Um sítio foi transformado
em modelo de pequena propriedade sustentável.
“Pegamos uma propriedade e
trabalhamos toda ela para que recuperasse sua produção. Hoje, produz leite e
produtos da hortifrúti-cultura. É um modelo de negócio rural sustentável que
queremos implantar em todas as propriedades. Queremos implantar pelo menos 40
plantas destas e vamos precisar do apoio da SEMA, dos parlamentares e das
instituições financeiras. Com assistência rural, todas estas propriedades são
capazes de gerar trabalho e renda para a comunidade”, garantiu Gilmar Brunetto, técnico da Empaer.
O senador Carlos Fávaro (PSD),
também esteve presente à audiência e falou do PL 510/2022, de sua autoria. Ele
classificou de ‘pena de morte’ a burocracia que entrava a regularização
fundiária no país.
“Sou relator do PL 510, que
simplifica a regularização fundiária. Não é possível! Não temos pena de morte
no Brasil, graças a Deus, porém a burocracia mata aos poucos os cidadãos. Como
pode um produtor ficar 30 anos sem o título da terra e, consequentemente,
impedido de produzir? Estamos trabalhando atentamente nessa matéria, ouvindo
todos os setores, acolhendo as propostas que aperfeiçoam o texto, buscando
consenso para entregar um projeto redondinho com as respostas que os pequenos e
médios produtores e agricultores familiares precisam”, disse.
Robson Fraga
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