Inspirada no poema “Para Sempre”, de Carlos Drummond de Andrade, que fala sobre a importância da mãe, a juíza Coraci Pereira da Silva determinou que os filhos deem alimentos à mãe, de 91 anos, que é cadeirante e enferma, em Rio Verde, no sudoeste do estado. Cabe recurso da decisão.
“Fosse eu rei do mundo
baixava uma lei: Mãe não morre nunca. Mãe ficará sempre Junto de seu filho. E
ele, velho embora. Será pequenino feito grão de milho”, diz parte do poema.
Como os nomes das partes não
foram divulgados, o G1 não conseguiu localizar a defesa dos filhos para que se
posicionassem.
Na ação, a idosa, que tem
quatro filhos, exigiu que , três deles, dessem 80% do salário mínimo vigente
para custear sua alimentação, sendo 20% a ser pago por cada filho. Ela alegou
ser cadeirante, possuir dificuldades de locomoção e que sua única renda é o
benefício da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), no valor de R$ 998. Ela
disse ainda que possui um gasto mensal com remédios de R$ 632.
Além disso, a mãe alegou que
também necessita de cuidados especiais e contínuos, bem como o auxílio de
terceiros para todas as necessidades básicas relacionadas à higiene,
alimentação e para o simples andar, tendo em vista a sua condição de
cadeirante.
A magistrada determinou que
duas filhas paguem o equivalente a 40% do salário mínimo mensal vigente, sendo
a metade para cada uma delas, com vencimento até o 10º dia de cada mês, devidos
a partir do trânsito em julgado da sentença.
Quanto ao filho, foi
homologado o acordo firmado com sua mãe, de manter o seu plano de saúde,
continuar pagando uma cuidadora para ela de segunda-feira a sábado, bem como se
responsabilizou pelos cuidados com a idosa durante a noite.
Em relação à terceira filha,
de 69 anos, a magistrada não determinou nenhum encargo alimentar, pois foi
comprovado que ela não tem capacidade financeira de arcar com os alimentos. De
acordo com os autos, esta filha sobrevive com benefício decorrente da
aposentadoria por invalidez, no valor de R$ 807, além disso, ela possui
problemas de visão e diabetes, doenças que exigem uso contínuo de medicamentos.
Refletindo sobre o poema a juíza
pontuou que que as mães não medem esforços para atender as necessidades do
filho e se preciso for enfrenta qualquer obstáculo, para protegê-lo com amor e
carinho.
“Quanto aos filhos, não obstante a
maioria corresponde ao amor maternal, retribuindo o carinho e atenção recebida
da mãe, alguns deixam de demonstrar gratidão e, para amparar os pais na velhice
e na enfermidade, precisa de imposição e não raro, cumprir seu papel com
indiferença e de fora apática”, disse a magistrada.
Fonte: G1
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