2021/03/21

Atrás de presos na fila de vacinação contra Covid-19, policiais protestam: 'inversão de valores'

 

Policiais estão indignados com o fato de estarem atrás de presos na lista de prioridade para vacinação contra a Covid-19 no Plano Nacional de Imunização (PNI). Segundo o presidente do do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso (Sinpol-MT), Gláucio de Abreu Castañon, tal fato é uma “inversão de valores”. Isso porque as pessoas detidas estão isoladas socialmente e os servidores tem de lidar com várias pessoas na linha de frente, todos os dias, se colocando em risco pela sociedade.

 

“Não importa nesta pandemia em que fase está, se tem vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ou não. Os policiais estão trabalhando normalmente, fazendo enfrentamento e tendo contato com bandidos e outras pessoas, sem estar vacinado. As policias estão sendo massacradas em todos os sentidos”, disparou o presidente, em entrevista ao Olhar Direto.

 

Ainda segundo Gláucio, causa bastante indignação o fato de os presos estarem à frente dos policiais na lista de prioridades. “Se as políticas públicas falam em distanciamento social, fique em casa, quem está preso está isolado socialmente, dentro de uma cela. Mas o policial que está cuidando dele, manejando, tendo o contato direto, ficar para ser vacinado depois deles é no mínimo uma inversão de valores e uma falta de respeito para com o cidadão de bem”.

 

Ainda sobre o que chama de massacre contra os policiais do país, o presidente explica que possibilidade de concurso público é sempre conversada com a Polícia Civil. Porém, nada concreto que saia do papel. Ele ainda lembra da PEC 32/20, a qual tem tirado o sono dos servidores de Segurança Pública.

 

Quando falamos em desmonte, está aí. Esta reforma, a PEC 32, que está no Congresso Nacional, proíbe a abertura de concursos. Ela fala em recomposição apenas dos cargos vagos durante a vigência desta lei. Em Mato Grosso, são previstos quatro mil investigadores, hoje são 2.050 na ativa, sendo que se pegar os que estão baixados por doença, de licença ou por qualquer outro motivo, cai para 1.800”.

 

“Está inviável continuar do jeito que está. Se autorizarem um concurso hoje, só daqui a dois anos o policial está pronto para se apresentar. Enquanto isto, tem unidades no interior com apenas uma pessoa atuando. A situação é precária”, finalizou.

 

Congresso

 

Deputados membros da Comissão Externa de enfrentamento à Covid-19 na Câmara dos Deputados pediram pela flexibilização dos grupos prioritários para vacinação contra a Covid-19 pelo Ministério da Saúde, na terça-feira (16). Na reunião, pediram pela inclusão dos profissionais da saúde, educação e portadores de doenças raras e autoimunizantes nas faixas de prioridade.

 

Em defesa da vacinação dos policiais, o deputado piauiense Capitão Fabio Abreu (PL) disse que 34 servidores da segurança pública morreram de Covid-19 em seu estado desde o início da pandemia. Em oposição, entre os 5 mil presos, considerados prioritários pelo Ministério, apenas um morreu no mesmo período.


Foto: Wesley Santiago/Olhar Direto

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