O deputado estadual Valdir
Barranco (PT) afirmou, na tarde desta segunda-feira (11), que o aumento no
número de feminicídios e de agressões às mulheres se deve, primordialmente, à
eleição de Jair Bolsonaro (PSL).
“Nós temos um presidente que é misógino, que é
truculento com as mulheres, que é covarde, que agrediu enquanto deputado
federal uma deputada, colega dele, e que ele e os filhos dele, durante todo o
período de campanha e pré-campanha do ano passado, foram muito claros em dizer
que a mulher não pode ocupar o mesmo espaço que o homem na sociedade. Então
tudo isso fez com que após as eleições, assim como as pessoas acharam que com a
eleição dele ia poder sair todo mundo armado por aí atirando em quem quisesse,
também os homens passaram a achar que estavam protegidos e poderiam sair
agredindo as suas parceiras”, disse.
Para Janaína Riva, o
posicionamento do presidente é temerário, mas não o principal fator que levou
ao aumento dos números. “Algumas declarações são extremamente preocupantes, eu
não sei o quão isso afeta de forma direta, porque eu vejo também um desmonte
das policias militares e civil acontecendo por todo o Brasil e isso eu acho que
atrapalha muito mais inclusive do que qualquer declaração. Nós estamos por
exemplo, com dificuldades de adquirir viaturas no Estado, então isso com
certeza contribui muito. O trabalho em Barra do Garças por exemplo, é feito com
uma patrulha Maria da Penha que é uma viatura que faz acompanhamento e nós não
temos condição hoje no Estado de fazer isso como um todo, então eu não vejo
como sendo esse o principal fator, mas é claro que em certos momentos isso
contribui sim quando você trabalha com essa diminuição da figura da mulher como
eu vi o caso, por exemplo, da senadora Selma falar tratando a mulher de forma
igualitária, a gente sabe que não existe essa igualdade de forma verdadeira
ainda. Então eu acho que isso sim contribui para o aumento", disse.
A fala faz referência a dados
recentes que dão conta do aumento de 15% nos casos de feminicídio e de quase
60% nas chamadas no Canal 180 (Central de Atendimento à Mulher em Situação de
Violência). Para discutir estes números, Barranco e Janaína Riva (MDB) requereram
uma audiência pública sobre o tema, que começou às 14h30 desta segunda (11) na
Assembleia Legislativa. O objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade e
sua relevância em todas as esferas.
Para Barranco, além da eleição de
Bolsonaro, outro motivo para o aumento é que “a medida que [a mulher] vai
avançando e conquistando seus espaços, boa parte dos machistas que não aceitam
esse avanço”. Janaína complementa afirmando que Mato Grosso é um dos estados
mais machistas do Brasil. "Acho que essa pauta tem que ser tratada aqui e
tinha que ser tratada até de forma constante. Eu sempre venho falando que é
preciso algumas medidas e essa audiência é exatamente para isso, as pessoas vem
trazer alternativas no Estado, onde fizeram algum trabalho de combate a
violência e funcionou. Caso de Barra do Garças que quase zerou o índice de
violência doméstica. Essas são referencias que vêm hoje serem colocadas aqui
para que o Estado inteiro e as pessoas que estão aqui possam acompanhar outros
modelos que dão certo".
Outra questão criticada pelo
parlamentar foi o fato de as delegacias da mulher de Mato Grosso não estarem
abertas aos finais de semana. “Não funcionam nos finais de semana e não
funcionam nos feriados, que são exatamente as datas em que os companheiros se
embriagam, voltam pra casa mais alterados e acabam agredindo suas companheiras,
e elas não encontram esse amparo nas delegacias, porque elas estão fechadas
exatamente nesses dias”.
Por fim, o deputado afirmou que o
papel da Assembleia Legislativa, além de promover a discussão sobre o tema, é
“cobrar do Estado pra que aquelas medidas que já foram tornadas legais aqui,
através de aprovação da casa e também de sanção dos governos anteriores, possam
ser cumpridas”.
Barranco também chamou atenção
para o alto número der mulheres encarceradas sem terem passado por julgamento
em primeira instância. O deputado afirmou que, após a audiência, ele e Janaina
vão apresentar, na sessão de terça-feira (12), um requerimento para o Tribunal
de Justiça do Estado de Mato Grosso, para que informe a quantidade de mulheres
nesta situação, e solicitar que haja ‘mutirões’ para que elas sejam, enfim,
julgadas.
Olhar Direto
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