Pelas ruas de Cuiabá o assunto é
sempre o mesmo: o fechamento de empresas públicas que seriam culpadas pela
falência do estado. Será? O que há de verdade nisso? O que sabemos é que esta
falácia partiu do governador Mauro Mendes: um empresário beneficiado com
incentivos fiscais e que mesmo assim quebrou sua empresa (Bimetal), mas que
promete “consertar Mato Grosso”. Diga-se de passagem: alguém que nunca
conversou com os servidores da MTI para conhecer a estrutura da empresa e suas
contas.
Um relatório da Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Econômico, criado em 17/03/2015 e atualizado em
26/09/2018, mostra que a Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda (CNPJ:
01.261.017/0003-27), de propriedade do governador, figura na lista de Empresas
Incentivadas com Fruição Integral, ou seja, isenção total de impostos. Trata-se
de uma grande organização beneficiada pelo estado enquanto centenas de micro e
pequenas empresas morrem a míngua, embora sejam as maiores empregadoras do
estado.
Mauro Mendes disse à imprensa que
os servidores da MTI chegam a receber R$ 52 mil, uma inverdade. O chefe do
executivo não fez o dever de casa, sequer leu as últimas notícias. No fim do
ano passado (11/2018), o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu reajuste de
16,3% nos salários de seus ministros estabelecendo um novo teto para os
servidores públicos federais: R$ 39,2 mil. O aumento foi estendido aos estados
e em Mato Grosso o teto foi fixado em R$ 35 mil. Portanto, nenhum servidor pode
ganhar acima deste valor; isso sem falar que sobre os salários incidem
descontos do IRPF e do INSS.
É preciso dizer que na MTI a
média salarial é de R$ 12 mil. Poucos servidores ganham acima disso e aqueles
que fazem jus a melhores salários os tens por direito adquirido na justiça o
por medida do executivo relativa a progressões aprovadas pela Assembleia
Legislativa. Portanto, senhor Mauro Mendes, pare de mentir para a sociedade.
Ao contrário do que diz o
vice-governador Otaviano Pivetta, a MTI dá prejuízos ao estado. Se a empresa
usa sistemas comprados de terceiros é porque há uma descentralização das
rotinas/serviços de informática no governo. Em Mato Grosso, autarquias,
secretarias e outros órgãos tiveram permissão do poder executivo para adquirir
equipamentos e programas de forma independente. Mesmo assim, muitos de nossos
servidores da MTI foram espalhados para viabilizar as ações tecnológicas
evitando outros custos com contratação de pessoal.
É preciso deixar claro que a MTI
tem excelência na produção de softwares, portanto não precisa adquirir produtos
de terceiros. Um exemplo disso é o MT Cidadão: aplicativo produzido pela
empresa e que oferece mais de 90 serviços aos mato-grossenses.
Mauro Mendes quer o desmonte da
empresa, mas ao mesmo tempo “suplicou” que seus técnicos cuidassem de escalonar
a folha de pagamento dos servidores - que estão com salários atrasados, já que
o sistema adquirido de terceiros não funciona! O governador quer repassar a
iniciativa privada dados sigilosos do governo e do cidadão. Imaginem o que pode
acontecer se dados da das secretarias de Segurança Pública e de Fazenda, por
exemplo, caírem em mãos erradas! A MTI precisa de direcionamento claro e
objetivo. Cabe ao governador cumprir sua promessa de campanha e reavaliar o
Plano de Negócios da empresa inserindo novas prioridades, metas, indicadores e
condições justas para efetivar um pacto de resultados antes de avaliar a
produtividade da empresa e decidir por fechá-la.
Mais uma coisa, senhor
governador: informe à sociedade e a seu vice que a MTI foi a primeira empresa
pública em Mato Grosso a implantar um Plano de Demissão Voluntária (PDV) e já
conta com mais de 100 adesões. Além disso, após quitar todas as suas contas,
tem em caixa R$ 33 milhões à disposição do estado; isso sem falar nos valores
que tem a receber de autarquias como o Detran-MT.
O uso inteligente da TI pode
significar um mundo de oportunidades para Mato Grosso. Pense nisso, governador,
e só depois fale com propriedade sobre a MTI!
* João Figueiredo é presidente do
Sindicato dos Trabalhadores em Empresas e Órgãos Públicos e Privados de
Processamento de Dados, Serviços de Informática Similares e Profissionais de
Processamento de Dados do Estado de Mato Grosso.
fonte:Por João Figueiredo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os recados postados neste mural são de inteira responsabilidade do autor, os recados que não estiverem de acordo com as normas de éticas serão vetado por conter expressões ofensivas e/ou impróprias, denúncias sem provas e/ou de cunho pessoal ou por atingir a imagem de terceiros.