Conselho de Comunicação manifestou-se contra a venda de publicidade e o aumento da potência de transmissão das rádios comunitárias |
O Conselho de Comunicação Social
do Congresso Nacional decidiu, nesta segunda-feira (5), recomendar a rejeição
de três projetos de lei que tratam de rádios comunitárias. Um dos projetos (PL
10637/18), já aprovado pelo Senado e em análise na Câmara dos Deputados,
aumenta o limite de potência de transmissão e a quantidade de canais de
radiodifusão comunitária.
Outra proposta (PLS 410/17), que
está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, dispensa as rádios
comunitárias da cobrança de direitos autorais relacionados à veiculação de
músicas e obras literomusicais.
E a terceira proposta (PLS
55/16), que aguarda votação na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado,
permite às rádios comunitárias a venda de publicidade e a veiculação de
propaganda comercial e de interesse público. Segundo o projeto, os anúncios
deverão ser restritos a estabelecimentos na área da comunidade atendida, e a
receita obtida deve ser integralmente reinvestida na própria rádio. No caso da
publicidade de interesse público, o texto permite que as rádios firmem
contratos com qualquer ente federado.
Coordenadora do grupo que avaliou
as propostas, a conselheira Tereza Mondino afirmou que os textos podem
prejudicar as emissoras comerciais. “A análise conjunta dos três projetos de
lei em tramitação nos permite perceber a clara intenção de promover alterações
substantivas à organização constitucional dos serviços de radiodifusão, em
afronta ao princípio da complementaridade dos serviços, que é o fundamento
basilar para orientação das normas e dos regulamentos do setor de
radiodifusão”, afirmou.
“Com os três projetos, haveria um
aumento de cobertura, uma publicidade liberada dentro da área de serviço maior
e isenção do Ecad [entidade responsável pela arrecadação de direitos autorais].
A pergunta que fica: quem vai querer fazer radiodifusão comercial em cidades de
pequeno e médio porte?”, questionou a conselheira.
Texto alternativo
O conselheiro Davi Emerich
apresentou um outro texto, em que recomendava alterações nos projetos, no lugar
da rejeição total. No caso da veiculação de publicidade, ele propôs um acordo
compensatório em que as rádios comunitárias pudessem, por exemplo, fazer
anúncio da empresa de energia elétrica em troca do valor gasto em energia.
“Se pudéssemos incluir isso no
aspecto legal, fugindo da questão da publicidade, estaríamos dando uma grande
contribuição às rádios comunitárias”, afirmou.
O Conselho de Comunicação optou,
no entanto, em recomendar a rejeição das propostas. O conselho, que tem caráter
consultivo, enviará as duas sugestões à Mesa do Congresso Nacional (tanto a
aprovada pelos conselheiros quanto a sugestão alternativa).
O Conselho de Comunicação Social
tem como atribuição a realização de estudos, pareceres, recomendações e outras
solicitações que lhe forem encaminhadas pelo Congresso Nacional a respeito do
tema da comunicação social no Brasil. O colegiado é formado por membros da
sociedade civil, representantes das empresas de rádio, televisão e imprensa
escrita, engenheiros com conhecimento na área de comunicação social e
representantes das categorias profissionais dos jornalistas, radialistas,
artistas e profissionais de cinema e vídeo.
Foto Marcos Oliveira/Agência
Senado
Reportagem – Paula Bittar
Edição – Pierre Triboli
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