Um médico infectologista fez uma
carta alegando que foi demitido do Hospital Regional de Sinop, a 503 km de
Cuiabá, a pedido da Secretaria Estadual de Saúde (SES), após o vazamento de um
documento interno em que ele teria solicitado o fechamento da porta do hospital
por falta de materiais e medicamentos a fim de evitar riscos de sequelas e
óbitos a pacientes internados.
A nota emitida nessa
segunda-feira (5) pelo médico Ricardo Franco, que ocupava o cargo de Serviço de
Controle de Infecção Hospitalar da unidade, é direcionada à direção da unidade,
ao Conselho Regional de Medicina (CRM-MT), ao Ministério Público Federal (MPF),
ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao corpo clínico do hospital. Ele foi
demitido no dia 2 deste mês.
A SES informou por meio de nota
que a administração do hospital é de competência do Instituto Gerir e não quis
se manifestar sobre o caso.
Fim do estoque
Ricardo afirma que o documento
expedido por ele e que teria vazado foi feito depois que ele, enquanto chefe de
setor, recebeu um comunicado da farmácia da unidade de saúde de que o estoque
de materiais e medicamentos tinha se esgotado e que não havia previsão de
compra ou chegada para reposição.
Dever profissional
"Importante destacar que
minha atitude ao expedir o documento endereçado à administração do hospital foi
no intuito de cumprir com o meu dever de médico, obedecendo o código de ética
médica", diz, ao citar o Artigo 2 do capítulo 1, o qual estabelece que
"o alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício
da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade
profissional".
Além disso, ele argumenta, com
base no mesmo código, que o profissional deve suspender as atividades, de forma
individual ou coletiva, quando a instituição pública ou privada onde trabalhar,
não oferecer condições adequadas para o exercício profissional e comunicar a
decisão ao Conselho Regional de Medicina (CRM-MT), e não pode causar dano ao
paciente por imprudência e negligência.
"Como é sabido, o estado de
Mato Grosso terceirizou a administração do Hospital Regional de Sinop ao Grupo
Gerir, e o que me surpreende é ter recebido a carta de demissão da Secretaria
Estadual de Saúde", diz Ricardo, no documento.
No entanto, o médico alega que
não havia divulgado nenhuma informação sobre os problemas no hospital e que não
deveria ter sido demitido pela SES, já que havia sido contratado pela empresa
terceirizada que administra a unidade.
Falhas constantes e
"punição"
Há inúmeros pacientes aguardando
cirurgias, que não são feitas por falta de materiais, diz o médico.
"Os equipamentos estão
deteriorados e sem as mínimas condições de uso. Como diretor clínico e
responsável pelo SCIH, junto com todos os profissionais da unidade, tenho
cobrado e buscado formas para melhorar a qualidade dos serviços prestados,
entretanto, novamente, sou punido por solicitar do Instituto Gerir as mínimas
condições necessárias para que o atendimento adequado aconteça", afirma,
na nota.
Ele pontua ainda que o governo do
estado tem atrasado os repasses ao hospital constantemente.
"O governo do estado tem
falhado rotineiramente nos repasses feitos aos hospitais regionais e ainda não
permite que pessoas que se levantam para reclamar e/ou solicitar que tudo
funcione corretamente tenham voz ativa. Simplesmente, de forma arbitrária,
punem com a exclusão dos mesmos das unidades", criticou.
Bloqueio
O Ministério Público Estadual
(MPE) entrou com uma ação judicial pedindo o bloqueio de R$ 5 milhões das
contas do Instituto Gerir, responsável pela administração da unidade de saúde
para que seja feito o pagamento de funcionários e compra de insumos.
Além do pedido de bloqueio, deve
ser formada uma comissão pelo corpo clínico, para que possam administrar o
repasse do dinheiro, e fazer o pagamento aos fornecedores.
Fonte: G1 MT
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