Flávio Stringueta rebate e explica que é Juliano Guedes se
contradisse em pelo menos 6 depoimentos.
| Trecho da declaração de Juliano Guedes que aponta ter sido agredido pelo delegado Flávio Stringueta em delegacia |
Juliano Thibes Guedes, um dos
envolvidos no incêndio criminoso da Prefeitura de Nova Bandeirantes (a 1 mil km
de Cuiabá), ocorrido em outubro do ano passado, denuncia ter sido agredido pelo
delegado Flávio Stringueta e outros policiais para mentir em relação ao
mandante do crime.
Em uma declaração obtida pelo RDNEWS,
prestada na última sexta (2), na 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Alta
Floresta, ele afirma ter sido ameaçado de morte pelo delegado, caso contasse
sobre as ameaças para alguém.
Conforme a declaração, Juliano
conta que foi contratado por R$ 50 mil para atear fogo na prefeitura, mas alega
ter terceirizado o serviço. Em 28 de fevereiro deste ano, lembra que foi levado
à delegacia do município para prestar depoimento, ocasião que a agressão teria
ocorrido.
No dia seguinte, Juliano estava
no hospital para tratar das lesões quando foi novamente abordado por policiais
e levado à delegacia. “Me levaram direto para a sala do delegado e começaram a
me bater com socos, murros, teve até enforcamento, pisão no estômago, colocaram
um pano molhado no rosto e começaram a jogar água”, diz trecho do relato ao
MPE. A segunda sessão de tortura teria começado por volta das 9h e perdurado
até às 16h.
O motivo das agressões, segundo o
denunciante, foi que não queria mudar a versão do depoimento. Ao Ministério
Público ele assegura que foi contratado pelo prefeito Valdir Rio Branco (PSB),
seu filho, que é advogado, Thiago Pereira, e pelo secretário de Obras José
Gabriel Bueno Schmitt, conhecido como Cica.
Juliano deu entrevista nesta
terça (6) para a Rádio Bandeirantes, de Alta Floresta, corroborando com a
declaração prestada ao MPE. “Eles queriam a mentira, queriam que eu mentisse.
Eles queriam ouvir um depoimento que o Rocha deu falso, porque foi declarado
falso e eles não queriam a verdade. A verdade eu contei no dia 28”, disse ao
ser questionado sobre qual era o motivo dos policiais terem batido nele. Para
se livrar dos policiais, diz ter assinado um papel sem ler.
Mudança de versão
A reportagem noticiou neste final
de semana, com base em depoimentos obtidos com exclusividade, que inicialmente
foi forjada uma lista de pessoas que deveriam ser incriminadas pelo incêndio,
entre elas estariam o ex-prefeito e deputado estadual Valdir Barranco (PT) e o
vice-prefeito, Jeremias Baioco (PP). Isso também era parte do serviço para o
qual Juliano afirma ter sido contratado. Em seguida, pontua ter mudado de ideia
e resolvido contar a verdade.
Em depoimentos prestados no final
do ano passado, Juliano Guedes e Juliano Rocha admitiram ter recebido R$ 15 mil
como pagamento pela ação criminosa, além da garantia de que o advogado Thiago
Pereira patrocinaria a defesa de ambos na Justiça. Em seguida, Rocha disse ter
recebido a promessa de Guedes de que ganharia R$ 5 mil para incluir falsamente
o nome de outras pessoas no crime.
Na segunda versão, supostamente a
verdadeira, ambos imputam o planejamento do incêndio ao gestor do município. Já
a ordem do serviço teria partido do secretário municipal de Obras e do
empresário identificado apenas como Vagner, proprietário da Loja Imperial.
Outro lado
Procurado pelo RDNEWS, o delegado
Flávio Stringueta diz que a acusação de Juliano Guedes, a qual ele já teve
acesso, não o surpreende. “Toda vez que a gente tem um inquérito em que alguém
confessa o crime, se ele volta atrás lá na frente, fala que foi torturado. Eu
até nem gosto quando o suspeito confessa para não ter esse dissabor futuro. Mas
é aquilo que a gente fala, se é verdade vai ser provado que é verdade. Se é mentira,
logo vai cair”, pondera.
Delegado Flávio Stringueta afirma que declaração de Juliano não o surpreende
O delegado ressalta que o
interrogatório onde teria ocorrido a agressão foi colhido na presença do
advogado. “Se ele foi torturado o advogado também torturou ele. Por que não
cita o advogado? No final do interrogatório, textualmente ele fala que não foi
agredido, mal tratado e ofendido por nenhum policial”.
Indagado sobre a parte da
declaração que Juliano diz ter assinado um depoimento sem ler, Stringueta volta
a destacar que um advogado acompanhou o interrogatório. “Não tem como, foi tudo
muito tranquilo. Tenho filmado também toda a entrevista que fiz com ele. Depois
vai ser visto isso, que o que ele falou durante a entrevista e o que consta no
depoimento é a mesma coisa. Não faz o menor sentido ele alegar isso”.
O vídeo em questão será anexado
ao inquérito que investiga o incêndio. O delegado cita ainda que no termo de
declaração prestado à promotoria não consta assinatura de nenhum advogado. “Em
qual a gente vai dar mais valor? Em qual foram dadas melhores garantias dele ser
acompanhado de advogado, prestar depoimento com a segurança jurídica da OAB e
tudo mais? É o meu, o que ele prestou na delegacia. E eu não estou querendo
denunciar, falar que o MPE fez alguma coisa errada. Só que são dois
depoimentos, um na presença de advogado e outro sem, o meu era na presença”,
ressalta.
Por fim, o delegado menciona que
Juliano já prestou entre cinco ou seis depoimentos sobre este caso e nenhum
coincide com o outro. Até o momento, a investigação aponta que os executores do
incêndio são o Juliano Rocha de Oliveira e outro homem conhecido como “Lebrão”.
Juliano Guedes teria intermediado o contrato, recebeu dinheiro de uma advogada
chamada Narjara e repassou para Rocha e Lebrão.
Para descobrir quem deu a ordem
para o incêndio, Stringueta diz que será necessária uma confissão da advogada.
“Além dela (Narjara), ele implica como pessoas contratantes uma funcionária da
prefeitura de nome Kelyn e uma ex-advogada da prefeitura de nome Claudinéia”.
Segundo o delegado, não há indícios que apontem qualquer participação de
Barranco, do prefeito, do advogado ou do secretário de Obras no crime.
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