Laudo aponta morte por edema pulmonar e
malformação renal.
Michele morreu poucas horas após ser diagnosticada com gases em Iperó (Foto: João Batista/Arquivo Pessoal) |
Uma menina de 12 anos moradora de
Iperó (SP) morreu poucas horas após ser diagnosticada com "gases". De
acordo com parentes de Michele Soares Silva, a menor passou por atendimento
médico na cidade e também em duas Unidades Pré-Hospitalares (UPH) de Sorocaba
(SP), mas não resistiu.
Michele morreu no dia 24 de
agosto. As secretarias de Saúde de Sorocaba e Iperó informaram que estão
acompanhando a investigação e que apuram os detalhes do atendimento (confira
respostas abaixo).
Em entrevista ao G1, o tio de
Michele, João Ramos Batista, conta que a família esteve em três unidades de
saúde com a garota, duas em Sorocaba e uma em Iperó.
Batista relata que Michele passou
mal em casa durante a tarde, reclamando de dores abdominais e foi levada até a
Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro George Oetterer, em Iperó. No local, a
menina passou por atendimento médico e foi liberada após afirmarem que ela
estaria com gases.
No entanto, a menina voltou a
passar mal durante a madrugada e foi levada por parentes à UPH da Zona Oeste, na
Avenida General Carneiro, em Sorocaba, que faz apenas atendimentos em crianças.
“Ela estava muito mal e com os
lábios quase roxos, quase não falava direito e desmaiando. Quando chegou lá,
nem olharam para ela. Negaram o atendimento porque lá falaram que só atendia
até 11 anos, como ela tinha 12, não iriam atender e teríamos que ir, de carro,
até a unidade na Zona Norte”, diz.
A família seguiu então, por conta
própria, até a UPH da Zona Norte, na Avenida Itavuvu, onde a Michele morreu
pouco mais de 40 minutos após dar entrada na unidade. "Foi muito rápido.
Atendeu imediatamente, mas o médico já falou que o problema dela era grave. Não
deu nem uma hora, já falaram que ela não tinha resistido", disse.
O laudo médico aponta como causa
da morte edema pulmonar, insuficiência renal e malformação renal. O
sepultamento da menina foi no dia 25 de agosto.
Inconformados com a morte da
menor, os parentes registraram um boletim de ocorrência na delegacia de polícia,
que deve investigar o caso, e o corpo passou por exames no Instituto Medico
Legal (IML), que devem ser concluídos em até 30 dias.
"Estamos, principalmente a
mãe dela, chocados com o fato de ela ter passado no médico à tarde e ele ter
falado que ela estava bem, que poderia ter ido para casa. Se não era necessário
[o atendimento], por que ela não está aqui com a gente? Se ela tivesse sido
melhor atendida no posto em George Oetterer e na UPH da General Carneiro, isso
poderia ter salvado a vida da Michele”, diz o tio.
Em nota, a Prefeitura de Iperó
afirmou que no momento do atendimento ela teria se queixado de dor de cabeça e
dor abdominal, além de relatar que há uma semana havia apresentado sangramento
nasal.
Informou também que a paciente
negou febre, vômito ou diarreia e que, durante o exame físico, não havia sinais
clínicos positivos que sugerissem uma patologia aguda.
"O atendimento clínico é
sempre fundamentado em evidências. E naquele momento, diante das constatações,
não havia motivo para encaminhamento ou mesmo para exames complementares. A
prefeitura, através da Secretaria de Saúde, manteve contato com a família, está
à disposição e ressalta que, juntamente com o Comitê de Mortalidade do
município, está verificando e levantando todos os detalhes a respeito do fato
ocorrido", diz.
Já a Secretaria de Saúde da
Prefeitura de Sorocaba confirmou a morte após atendimento na UPH da Zona Norte
e que vai investigar os problemas apontados na UPH Zona Oeste, já que não há
registro de atendimento da garota na unidade "A Secretaria intensificou a
busca de mais informações e está instaurando processo visando apuração do caso
a fim de identificar qualquer situação de não conformidade neste
atendimento."
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