Embrapa elaborou comunicado técnico com orientações a criadores. Com a chuva, o capim alto deita e o fungo se instala nas folhas
Pelos
nutrientes e rápido crescimento, o capim Massai é predominante nas
pastagens que servem de alimento para equinos. Mas na região de Tangará
da Serra, região Centro-sul de Mato Grosso, alguns cavalos que ingeriram
esse capim tiveram uma cólica muito forte que levou alguns destes
animais à morte.
Apesar de vários casos
suspeitos no país, ainda não existe um consenso entre os especialistas
de que o Massai seria o causador do problema. Mas a Embrapa já elaborou
um comunicado técnico em que orienta os criadores a evitar que os
animais se alimentem dessa variedade na época das chuvas, fase em que o
capim cresce muito e deita.
É nessa hora que
pode aparecer um fungo que seria na verdade o causador da cólica em
alguns animais. A criadora de cavalos Maristela Brandelero conta que a
potra Zafira ficou órfã com 50 dias de vida. A mãe do animal morreu após
uma cólica forte e ela acredita que foi devido à ingestão de capim
Massai.
“Ele é muito bom, mas tem esse
detalhe. Agora não se explica porque o capim está dando cólica. Uns
falam que o capim tem que estar mais raspado, mas quando deu a cólica na
égua, meu capim estava bem baixinho”, lembra. Em sua propriedade ainda
estão quatro animais que consomem o capim Massai porque não comem
braquiária. “Agora nós integramos com o capim Mombaça, que o cavalo come
bem”, diz a criadora.
O capim Massai, além de
nutritivo, é de fácil manejo, cresce muito rápido. Ele foi introduzido
na região mais recentemente como uma alternativa à braquiária, que é
usada para alimentação do gado porque os equinos não comem. O médico
veterinário que cuidou da égua doente, Edson Yofhio Kaneya, conta que já
atendeu outros casos parecidos anteriormente.
“Durante
o ano, atendi seis animais com episódio de cólica associado à ingestão
de capim Massai. Dentre seis, dois vieram a óbito”, afirma. Ele alerta
para os sintomas que podem indicar uma possível intoxicação com o capim.
O animal fica apático, deixa de se alimentar, bate o casco no chão.
Isso é um sintoma de o animal está tendo dor. Ele também observa o
aumento de volume na região do vazio do animal.
O
animal pode evoluir para um quadro mais agudo de cólica onde ele vai
deitar e rolar, esse é um quadro característico de cólica. O
profissional recomenda que os criadores procurem um veterinário assim
que perceberem os sintomas, pois quando o tratamento é iniciado no
começo da cólica, é quando há mais chance de recuperação do animal.
Valdemir
Ponciano dos Santos é criador de cavalos há 15 anos e também perdeu um
animal recentemente, com a mesma suspeita de consumo do capim Massai.
Ele diz que ouvia falar que o capim vinha causando esse problema, mas
não acreditava porque não tinha tido nenhum caso na propriedade.
“Só
essa última vez que tivemos isso aí. Na verdade, não podemos falar que
foi o Massai, mas sim que a gente tratava com esse capim a época. Ficou a
desconfiança, porque teve muito comentário. Depois dessa desconfiança,
acabamos trocando o capim”, conta ele. Mesmo preocupado com as
ocorrências, o criador Brysciten da Silva Nunes, que tem alguns cavalos
em Tangará da Serra, não planeja substituir o capim Massai por outro
tipo de pastagem.
Ele adota alguns cuidados no
manejo e tem conseguido manter os animais saudáveis. "Sempre deixamos
ele ficar baixo, não muito alto pelo fato de ele ser um capim fino ele
deita. Creio que seja isso que faz ter o fungo. Já faz quatro anos que
temos a chácara aqui a gente tem a égua e outro cavalo e nunca deu
cólica. A gente sempre fica esperto com esse assunto"
O
Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT)
orienta os criadores a registrar os casos de cólica abdominal que podem
ter relação com o capim. “Sempre muito importante fazer essa comunicação
ao Indea para que tenhamos o controle. Nos casos onde não há
atendimento por um veterinário particular, nós do Indea vamos até a
propriedade para fazer esse atendimento e saber se é uma doença não
infecciosa ou não”, diz Nelson Vicentin Júnior, médico veterinário
Indea.
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