2014/03/08

Pedagoga dá exemplo de amor ao acolher mais de 600 crianças no PI

I

rmã Graça presta atendimento voluntário há 15 anos em vila da capital.
Trabalho é realizado em um dos bairros mais violentos da capital.

           

Patrícia Andrade Do G1 PI


Maria das Graças Hermes da Costa Nunes, 55 anos, piauiense e uma mulher que vive intensamente um dos princípios da humanidade: ‘amar ao próximo como a si mesmo’.  Determinada, Irmã Graça, como é carinhosamente chamada, fundou há 15 anos o Centro Integrado da Criança e do Adolescente Cordeiro do Reino (Cincacre) em Teresina e presta atendimento para cerca de 630 crianças carentes na Vila Irmã Dulce, um dos bairros mais violentos da Zona Sul da capital.
Irmã Graça presta atendimento voluntário há 15 anos em vila da Teresina (Foto: Patrícia Andrade/G1)Irmã Graça presta atendimento voluntário há 15 anos em vila da Teresina (Foto: Patrícia Andrade/G1)
O trabalho, que começou com ela e mais quatro voluntárias, atualmente conta com 32 colaboradores e a instituição ganhou novas instalações para conseguir atender a grande demanda. A manutenção da casa é feita a partir de doações da comunidade, empresários locais e alguns convênios com a prefeitura e governo federal. O sonho de Irmã Graça hoje está estampado nas mais de 20 salas de aula, quadra de esportes, refeitório e no sorriso das crianças.
Não posso olhar para mim sem antes enxergar o próximo. Se você não olhar para o outro vai se tornar uma pessoa egoísta, egocêntrica"
Irmã Graça, pedagoga e voluntária
“Eu ia nas casas das pessoas e via crianças chorando. Era choro de fome. Eu pegava um lanche dava a elas e se calavam. Nós pensamos em atender essas crianças. Quando falo nós quero dizer: eu, o Pai, Filho e Espírito Santo. Tudo acontece a partir de uma orientação divina. Não posso olhar para mim sem antes enxergar o próximo. Se você não olhar para o outro vai se tornar uma pessoa egoísta, egocêntrica”, disse.

Natural da cidade de São Raimundo Nonato, região Sul do Piauí, Irmã Graça se mudou para a Teresina aos 17 anos e levou na bagagem amor e o desejo de trabalhar em prol dos menos favorecidos. Casada, mãe de três filhos, formada em Pedagogia e Teologia, a mulher de olhar sereno disse que desde criança mantém o interesse em obras sociais.

Como tudo começou
Usando uma bicicleta e munida de muita perseverança, Irmã Graça saía de casa e percorria diariamente uma média de 15 km para ajudar os moradores da recém-fundada vila, na época considerada uma das maiores da América Latina com mais de 10 mil famílias. Foi em uma pequena casa de palha que ela começou a atender de forma voluntária cerca de 80 crianças.
Trabalho da pedagoga foi ganhando a admiração da comunidade e atraindo voluntários (Foto: Patrícia Andrade/G1)Trabalho da pedagoga foi ganhando admiração da comunidade e atraindo voluntários (Patrícia Andrade/G1)
“Como na vila não tinha água e nem luz, nesse local funcionava um chafariz e era lá que as pessoas iam buscar água. Comecei a ver meninas sendo exploradas sexualmente por homens que chegavam em carros. Isso me chamou atenção e vi que precisa fazer alguma coisa para mudar aquela situação”, relembrou.

No Cincacre são atendidas crianças de 0 a 13 anos com serviço de berçário, educação infantil, ensino fundamental menor, além de atividades esportivas como judô e balé. Adolescentes, que na infância receberam atendimento na instituição continuam frequentando o Centro. O berçário hoje atende 40 crianças, 20 delas em tempo integral.
Francinalva Pereira é uma das voluntárias que conseguir sua graduação através do Cincacre (Foto: Patrícia Andrade/G1)Francinalva Pereira é uma das voluntárias que
conseguir sua graduação através do Cincacre
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
O trabalho de Irmã Graça foi conquistando a comunidade e ganhando a admiração de outras instituições que hoje mantém convênios com o Cincacre, como faculdades particulares, óticas e o Serviço Social da Indústria (Sesi). Francinalva Pereira de Sousa, 34 anos, começou como voluntária e após ser beneficiada com uma bolsa de estudos se formou em Pedagogia e hoje é uma das professoras da instituição.
Elisan Araújo é pai de uma das crianças e diz gostar do trabalho de Irmã Graça (Foto: Patrícia Andrade/G1)Elisan Araújo é pai de uma das crianças e diz gostar
do trabalho de Irmã Graça (Foto: Patrícia Andrade/G1)
“Já estou tentando conquistar a minha pós-graduação. É um trabalho gratificante que fazemos aqui diariamente”, disse Francinalva.

Pai de Gustavo Martins, 2 anos, que está no maternal, o mototaxista Elisan Araújo Almeida, 37 anos, disse que confia plenamente no trabalho desenvolvido no Cincacre. Sobre a Irmã Graça, o pai tem uma única opinião: “Uma pessoa atenciosa e que olha o ser humano por completo e não pela metade”.

Os projetos desenvolvidos pelo Cincacre levam em consideração os estágios de desenvolvimento da comunidade, por isso as primeiras ações foram voltadas para o combate a fome e o acompanhamento médico das crianças desnutridas. Num segundo momento a instituição se preocupou com a formação educacional, acompanhamento físico e psicossocial e atividades de prevenção primária as crianças e adolescentes em situação de risco social.

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