Homem foi diagnosticado com doença que provoca deformação da córnea.
Ele espera atendimento desde novembro; secretário reconheceu problema.
Trecho de documento da Defensoria Pública do DF que fala sobre urgência do caso (Foto: Reprodução)
Mesmo de posse de uma decisão judicial que lhe assegurava o direito de
passar por tratamento oftalmológico, o mecânico Júlio Cesar Locio de
Alencar, de 59 anos, ficou cego enquanto aguardava atendimento médico na
rede pública do Distrito Federal. Ele foi diagnosticado em novembro com
catarata e ceratocone – doença que provoca a deformação da córnea.
Laudos da Secretaria de Saúde apontam que ele precisa da cirurgia para
reverter o caso.A primeira consulta só aconteceu em janeiro deste ano, depois de a família entrar com uma ação na Defensoria Pública porque ele parou de enxergar.
Por telefone, o secretário-adjunto de Saúde, Elias Miziara, que está de férias, não soube explicar o que aconteceu e reconheceu haver um problema. Horas depois, a Secretaria de Saúde informou por e-mail que agendou consulta nesta noite para o paciente. O oftalmologista avaliará o grau de risco dele e o incluirá na fila de cirurgia cirurgia.
Miziara informou ainda que vai se inteirar do caso nesta quinta, quando retornar das férias. Segundo o secretário-adjunto, a pasta vai realizar novos mutirões a partir deste mês para pacientes de oftalmologia, com foco em catarata.
O G1 procurou o Tribunal de Justiça para saber quais providências serão adotadas devido ao descumprimentro da decisão judicial, mas não obteve retorno.
Um laudo médico aponta que Alencar perdeu totalmente a visão do olho esquerdo e que tem 10% da do direito. A cirurgia, de acordo com os médicos, é a única chance que ele tem para reverter o caso. Por causa do problema, o homem deixou o trabalho e acabou entrando em depressão, emagrecendo oito quilos. Ele mora com a mulher e cinco filhos, que têm entre 12 e 28 anos, em uma casa no P Sul, em Ceilândia.
A mulher, Zélia Regina, disse que a princípio a família não desconfiava que o problema fosse grave e suspeitava que o mecânico estivesse apenas com catarata.
Júlio Cesar Locio de Alencar, mecânico do DF que
ficou cego aguardando cirurgia no DF
(Foto: Zélia Regina de Alencar/Arquivo pessoal)
“Começou com ele reclamando que a visão do olho esquerdo estava
embaçada. Procuramos o hospital, que nos mandou para um posto e depois
de volta ao hospital. Sempre demorava. Nessa espera, ele disse que já
não enxergava mais”, conta a mulher.ficou cego aguardando cirurgia no DF
(Foto: Zélia Regina de Alencar/Arquivo pessoal)
Insatisfeita com a demora, a professora particular pediu a ajuda de um dos filhos, que estava se recuperando de uma cirurgia também de ceratocone, para conseguir vaga em algum hospital. Eles fizeram uma peregrinação por unidades de saúde do DF, sem sucesso.
“Ele fica muito mal, chora, se isola, não quer comer. Aí um dia eu levei meu marido à emergência do hospital de Taguatinga. O médico me disse que só examinaria os olhos dele se eles estivessem perfurados. Mais uma vez, saí sem atendimento”, conta Zélia.
Miziara também informou que volta nesta quinta e que vai se inteirar do caso. Segundo o secretário-adjunto, a pasta vai realizar novos mutirões a partir deste mês para pacientes de oftalmologia, com foco em catarata.
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