2012/11/26

Após criminosos atearem fogo em fazenda em Nova Ubiratã; Fazendeiro fala do acontecido e pede proteção à justiça

Dono de fazenda invadida em Nova Ubiratã fala das ameaças que vem sofrendo e pede punição para os criminosos

O NN se deslocou até a fazenda dos irmãos Fávaro, em Nova Ubiratã, onde conversou com Marcelo Fávaro, um dos proprietários da área que foi palco de uma ação criminosa ao estilo do traficante colombiano Pablo Escobar, na noite do último domingo (18).


Durante a entrevista, Marcelo Fávaro nos falou das constantes ameaças que ele e sua família vêm sofrendo de madeireiros e grileiros de terra, que querem que o mesmo se desfaça de sua propriedade a todo custo.


Marcelo acredita, porém, que as autoridades competentes do estado, as quais ele já procurou, se sensibilizarão por sua causa e não permitirão que práticas criminosas contribuam para que Mato Grosso seja tido a nível nacional como uma terra sem lei.


Durante a entrevista, o fazendeiro desabafa. “É duro você construir algo, preservar a mata em pé e ser coagido como eu estou sendo a trabalhar com corruptos, com fabricantes de nota, com pessoas que só querem tirar madeira ilegal para continuar a máquina da nota fria em Mato Grosso”.


NN: Marcelo há quanto tempo a sua família possui a fazenda e qual o tamanho dela?


Favaro: Nossa área possui exatamente 11.324 hectares e nós a adquirimos há mais de 20 anos, acreditando desde o inicio, apesar das dificuldades, no desenvolvimento de Mato Grosso.


NN: Sobre a invasão ocorrida no último domingo, você tem ideia de quem sejam os invasores ou quem a tenha ordenado?


Favaro: Tenho sim. Suspeito de três ou quatro pessoas, mas como ainda não posso afirmar, prefiro não revelar os nomes. Vou deixar que os órgãos competentes, a polícia averigue primeiro.


NN: A área já foi invadida outras vezes?


Favaro: Várias vezes. Inclusive a área tem um interdito proibitório do ano de 2005 e mesmo assim eles a já invadiram, arrancaram placas, marcas de georeferenciamento.


Esses invasores são bandidos e bandidos perigosos.


NN: Na última ação, os bandidos atearam fogo na sede de sua fazenda. Como eles agiram das outras vezes?


Marcelo Favaro: Eles tiraram placas e amedrontaram funcionários fortemente armados, mas no mês de janeiro deste ano, cerca de oito a dez homens invadiram a sede da fazenda destruíram toda a mobília, e todos os nossos objetos pessoais que encontraram pela frente. Em seguida eles metralharam a casa toda.


Nossos funcionários foram expulsos de lá e obrigados a ir a pé e abaixo de chuva, buscar socorro numa aldeia do Parque Nacional do Xingu, que é vizinha da nossa fazenda.


No domingo eles surpreenderam o enteado do meu funcionário, que estava sozinho, devido o mesmo ter ido ver sua esposa que tinha passado por uma cirurgia e estava em Nova Ubiratã, amarraram e amordaçaram ele e depois o deixaram amarrado em uma árvore que fica na frente da casa e em seguida pegaram um galão de gasolina, espalharam pela casa e colocaram fogo. De acordo com o menino, chegaram até a discutir entre eles dizendo que tinha que matar o menino e um deles dizia que não e discutiam muito, porque era pra ter deixado gasolina para queimar os veículos também, mas acabaram derramando tudo na casa, tudo indica que eram mandado, logo em seguida colocaram o rapaz no porta mala de um veiculo, levaram o menino pro meio da mata e amarraram o menino em uma arvore de frente para a serraria abandonada.


NN: Você já procurou as autoridades competentes e denunciou o que vem acontecendo?


Favaro: Já. Há uma semana estou procurando fazer valer meus direitos. Eu sou neto de fazendeiro, filho de fazendeiro e vou continuar fazendeiro! Eu fico triste porque esses bandidos querem apenas retirar a madeira. Minha vida e da minha família está correndo risco apenas por dinheiro, por cobiça.


Eu aproveito para pedir a ajuda e o empenho das autoridades para punirem esses criminosos.


NN: O principal motivo da invasão seria então o interesse na madeira, uma vez que sua área possui uma das maiores reservas de floresta no estado?


Favaro: Sim, até porque é uma área de mata virgem onde existe muita madeira nobre. Isso desperta a cobiça de madeireiros mal intencionado e outras pessoas.


NN: Vocês estão sendo ameaçados, coagidos a se desfazerem da área?


Favaro: Sim, todos nós. Eu recebo telefonemas com ameaças, muitos através de ligações restritas. As pessoas que ligam falam pra eu vender a terra barato, cerca de 30% do valor de mercado. Posso concluir que estejam ligando a mando de outras pessoas, defendendo “interesses ocultos”. A intenção deles é que a gente se assuste e abandone a área para que eles possam tomar conta, como já fizeram em várias ocasiões.


Todas essas pessoas são bandidos, aposto que verificar a fixa delas na polícia, todas já terão passagens e devem estar respondendo a algum processo.


NN: Vocês possuem um projeto de manejo florestal de cerca de 500 hectares tramitando na Sema e que estaria paralisado há um bom tempo. Qual a explicação do órgão para tal demora?


Favaro: Eu dei entrada nesse projeto em 2006 e achei que ele sairia dentro do tempo normal estipulado pela secretaria (cerca de 6 meses), como ocorreu com projetos anteriores que eu fiz. Porém, começou a demorar e passaram-se quatro anos. Eu fui buscar informações e me falaram que o projeto havia sido extraviado, o que eu acho muito estranho.


Agora, porém, consegui aprovar o projeto mas a Licença Ambiental de Operação (LAO), venceu. Seria um procedimento relativamente simples renovar uma LAO, mas já fez cerca de um ano que estamos tentando e não conseguimos.


Essa paralisação da Sema acabou me impondo tem feito com que eu venha se desfazendo do nosso gado em função dos custos de manter a fazenda e a sobrevivência de minha família. Tenho tido enormes gastos nestes últimos anos.


Essa demora toda não é normal e deveria ser investigada pelas autoridades, assim como o suposto extravio do processo na Sema. Vários órgãos já tem ciência desse acontecimento.


NN: Você acha que existiria alguém por trás desse “extravio”, que estaria agindo na intenção de desestabilizá-lo financeiramente e obrigá-lo com isso a se desfazer da área?


Favaro: Sim, até porque recebi muitas propostas de retirar minha madeira com nota ilegal, nota de outros lugares e eu não aceito. Eu tenho a mata virgem e quero agir dentro da legalidade. O órgão responsável tem que me dar essa condição, isso é um direito de qualquer cidadão. Não adianta vir com propostas ilegais, pois amanhã depois somente eu sairia prejudicado e essas práticas vão contra os princípios da nossa família.


NN: Você confia numa ação eficaz das autoridades do estado que ponham fim nos abusos que estão sendo cometidos contra sua família?


Favaro: Sim, acredito muito nos poderes constituídos e sei que eles não irão fechar os olhos para minha situação. É inaceitável, nos dias de hoje, ficar sendo refém de bandidos enquanto as pessoas usam nomes de políticos famosos no estado para fazer lobby.


Eu acredito nesse estado, hoje em dia não tem mais lugar para esse tipo de pessoas e seus crimes.


Às autoridades eu peço proteção e que façam justiça, que mostrem que em Mato Grosso tem operadores da justiça comprometidos com os cidadãos de bem. Não podemos entregar nosso estado aos criminosos.Tenho plena certeza que a justiça irá me amparar e não pretendo me desfazer da área


Ao “estilo Pablo Escobar”

Assim como fazia o narcotraficante colombiano, Pablo Escobar (1949-1993) - que intimidava,coagia e “livrava-se” de pessoas conforme seus interesses, na maioria das vezes ateando fogo em suas propriedades e matando-as, assim como a seus familiares – também fizeram os invasores da fazenda dos irmãos Fávaro em Nova Ubiratã.


Conforme matéria publicada no NN na última terça-feira (20) que alcançou repercussão em todo o estado, na noite de domingo (18) três homens armados chegaram em um carro de cor escura, efetuaram disparos com armas de fogo de grosso calibre nos veículos da fazenda, atearam fogo na sede, fizeram refém o enteado do gerente que se encontrava sozinho no local (o rapaz foi amarrado, amordaçado e levado no porta malas do carro dos criminosos até uma madeireira desativada no meio da mata que fica no interior da fazenda, onde foi amarrado em uma árvore).


Na manhã seguinte, quando o gerente retornou da sede do município de Nova Ubiratã (onde acompanhava sua esposa em um tratamento médico) se deparou com o cenário de guerra no local. Ele seguiu os rastos deixados pelo carro dos bandidos e encontrou o enteado amarrado.


Da Redação




















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